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    Repórter da Folha incorpora freira em musical e relata experiência

    IARA BIDERMAN
    DE SÃO PAULO

    09/01/2015 02h00

    O hábito faz o monge. Ou a freira. Foi só me vestir com camadas e mais camadas de roupa preta para assumir a missão que me foi destinada.

    O chamado foi subir ao palco com o elenco do musical "As Noviças Rebeldes", que estreia nesta sexta (9), em São Paulo. Megassucesso quando estreou no Brasil, há 25 anos, na direção de Wolf Maya, o espetáculo volta em cartaz sob o comando do mesmo diretor.

    É ele quem grita as ordens sentado na plateia do Theatro Net. "Olhem para o alto. Mais para o canto, no foco da luz."

    Não desgrudo os olhos, tentando aprender os passinhos que logo terei de acompanhar. É a primeira cena, em que as cinco freiras contam (cantam) qual é a do espetáculo.

    Em tempo: apesar do nome, não tem nada a ver com aquela noviça rebelde que ficou famosa no filme de 1965 com Julie Andrews. E nem com a falsa religiosa de "Mudança de Hábito", outro musical que chegará em breve à cidade –um boom de freiras?

    Não há tempo de procurar a resposta. Já estou no camarim, virando a sexta-freira (e me sentindo mais perdida que o índio da ilha deserta de Robinson Crusoé).

    "É o primeiro musical de alguém?", pergunto às novas colegas. Descubro que, ali, a única noviça sou eu. O elenco (Soraya Revenle, Sabrina Korgut, Maurício Xavier, Helga Nemeczyk e Carol Puntel) é formado por gente com pelo menos uma década de palco.

    Neste espetáculo, não houve audições, o diretor convidou as atrizes e o ator –uma homenagem à famosa montagem só com homens (leia ao lado). O frio na barriga de se apresentar em busca de uma chance para brilhar no show business é só meu.

    Valeu-me a caridade cristã das irmãzinhas de palco, que tiveram a santa paciência de me ensinar a coreografia e, quando o ensaio começou para valer, soprar-me ao ouvido a sequência de passos.

    "Direita. Esquerda. Girou", vai mandando a freirona encarnada por Maurício Xavier, 25 anos de musicais. E vamos que vamos na coreografia. "Macumbeira. Xaxado." Já estou me sentindo. E fingindo que canto –sabe aquela de cantar o Hino? "Ouviram lalalalá lalalá..."

    Valeu-me também a própria trama da obra. No roteiro, as freiras resolvem montar um espetáculo para arrecadar fundos para o enterro das irmãs que morreram por causa de uma sopa enlatada.

    "Elas estão quase em pânico, porque não são artistas. É um velho truque, colocar pessoas em uma situação que aparentemente não têm condição de fazer", diz Maya. Acho que é comigo.

    No final, tudo dá certo. Eu, por exemplo, já penso em partir para novos desafios profissionais. Minhas opções: carreira solo em musicais; ou entrar para um convento.

    AS NOVIÇAS REBELDES
    QUANDO estreia nesta sexta (9); sex. e sáb., às 21h30; dom., às 19h; até 8/3
    ONDE Theatro Net SP, r. Olimpíadas, 360, tel. (11) 3439-9312
    QUANTO R$ 100 e R$ 150
    CLASSIFICAÇÃO 12 anos

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