A CGU (Controladoria-Geral da União) divulgou nesta segunda (12) nota esclarecendo reportagem publicada no jornal "O Estado de S. Paulo" sobre a investigação em torno da Cinemateca Brasileira, instituição responsável pela preservação do audiovisual brasileiro e subordinada ao Ministério da Cultura.
Segundo o diário, a ex-ministra da Cultura e atual senadora Marta Suplicy (PT) teria enviado documentos para a CGU que apontavam irregularidades cometidas na Cinemateca durante a gestão anterior do novo ministro da Cultura, Juca Ferreira (PT), deflagrando uma investigação na instituição. O sociólogo baiano assumiu a pasta hoje.
A denúncia de Marta seria um dos "desmandos" apontados pela senadora ao criticar a escolha de Juca como novo ministro da Cultura. Após o anúncio, no final de dezembro, Marta escreveu no Facebook que a "população brasileira não faz ideia dos desmandos que este senhor promoveu à frente da Cultura brasileira".
A CGU, porém, afirmou em nota que a ex-ministra apenas cumpriu determinação da CGU ao enviar documentos solicitados pelo órgão de controle interno do governo –em 2013, e não recentemente.
"Em cumprimento às recomendações da CGU, a então Ministra da Cultura encaminhou, em janeiro de 2013, para providências da CGU, análise processual realizada pelo Ministério que indicavam irregularidades que poderiam alcançar autoridades ou ex-dirigentes do MinC." A iniciativa de deflagrar uma auditoria foi da própria CGU.
| Pedro Ladeira/Folhapress | ||
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| Cerimônia da posse de Juca Ferreira, em Brasília, nesta segunda (12) |
Após cerimônia de transmissão de cargo realizada hoje, Juca Ferreira afirmou que "a denúncia vem do tempo da Ana de Hollanda [ministra da Cultura de 2011 a 2012]" e que "é um procedimento rotineiro da CGU". "Não foi ela [Marta Suplicy] que apresentou [a denúncia]", disse.
"Eu boto a mão no fogo pelas pessoas da Sociedade Amigos da Cinemateca", afirmou Juca, em referência à organização que geria a Cinemateca até 2013, quando o convênio entre a organização e a Cinemateca foi suspenso, após o início da investigação da CGU. "Marta deveria assumir a responsabilidade porque ali tem pessoas que ela diz que rende respeito, mas na verdade ela desrespeitou", disse Juca.
CRISE
Atualmente, a Cinemateca passa por um processo de transição –deverá ser gerida por uma organização social, segundo divulgado por Marta no final de sua gestão. Juca não se pronunciou sobre a mudança.
O diretor da Cinemateca, Lisandro Nogueira, deixou o cargo em novembro de 2014, um ano após assumi-lo enfrentando uma crise administrativa e esvaziamento do quadro de funcionários.
Antes disso, a instituição ficara dez meses sem diretor oficial, após Marta ter exonerado o diretor Carlos Magalhães. Durante o período, a biblioteca da instituição foi fechada, assim como uma das salas de exibição de filmes. Funcionários relatam que o laboratório de imagem e som, que faz preservação e restauração, esteve paralisado.