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    Safra de concorrentes ao Oscar 2015 desfila personagens obcecados

    DAIGO OLIVA
    EDITOR-ASSISTENTE DA "ILUSTRADA"

    16/01/2015 02h05

    Doze anos foram necessários para que o cineasta Richard Linklater conseguisse filmar seu projeto mais ambicioso, "Boyhood". O que muitos veem como persistência, beira, na verdade, a obsessão.

    Enquanto o longa sobre a vida de um garoto desde a infância até a adolescência tem em seu diretor um personagem obcecado, outros indicados ao Oscar também exploram esta faceta psicológica.

    "Birdman", principal concorrente ao prêmio de melhor filme, mostra Michael Keaton como um ator cujo objetivo maior é deixar para trás seu único papel conhecido.

    Reprodução

    Fixação em níveis tão gigantes quanto a de J. K. Simmons, indicado a melhor ator coadjuvante por "Whiplash".

    Na busca descontrolada para encontrar um novo gênio do jazz, o professor Terence Fletcher explode em palavrões e tortura psicológica, no limite do caricato. Assim como o seu aprendiz, o ótimo Miles Teller, esnobado pela Academia.

    Algo na linha de Jake Gyllenhaal em "O Abutre". Personificação de estado obsessivo, a atuação como um desajustado que passa a virar madrugadas atrás de registros de acidentes e crimes para a TV também ficou de fora, embora o filme tenha sido selecionado para roteiro original.

    Mas com Steve Carell o Oscar não errou. Ele vive um bilionário insano e envolvido em relação conflituosa com um lutador em "Foxcatcher".

    OBSTINAÇÃO

    Isso sem contar as cinebiografias, gênero cuja gênese está em histórias de superação, caminho cruzado com personagens obstinados.

    Representam esta linha "Teoria de Tudo", sobre Stephen Hawking, físico portador de doença degenerativa, e "O Jogo da Imitação", sobre o matemático Alan Turing, que desvendou uma engenhoca nazista e ajudou os Aliados a vencerem a Segunda Guerra.

    Já "Selma", que conta a história de Martin Luther King, ativista na luta pela igualdade racial, decepcionou: foi indicado apenas para melhor filme e melhor canção, pouco para um longa com a cara do Oscar.

    A obsessão aparece até mesmo em melhor filme estrangeiro. O divertidíssimo "Relatos Selvagens" tem muita sede de vingança, mas deve ser atropelado por "Ida" ou "Leviatã".

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