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    Impossível competir com 'Breaking Bad', diz ator de série derivada

    RODRIGO SALEM
    COLABORAÇÃO PARA A FOLHA, EM ALBUQUERQUE (EUA)

    19/01/2015 02h19

    "Eu não consigo trabalhar sem comer um desses donuts. Eles são como... drogas." A metáfora não é das mais brilhantes, mas saindo da boca de Bob Odenkirk, a crítica gastronômica ganha outro peso.

    Odenkirk é o dono do papel de Saul Goodman, o advogado falastrão a serviço dos cartéis de drogas de "Breaking Bad", uma das séries mais premiadas da televisão moderna.

    Da última vez que vimos Saul, em setembro de 2013, ele se separava do professor-de-química-transformado-em-senhor-das-drogas Walter White (Bryan Cranston) e viajava para assumir uma nova identidade. Era o fim de "Breaking Bad", mas não o de Goodman.

    Odenkirk agora comemora a ressurreição de seu personagem para "Better Call Saul", série derivada de "Breaking Bad" e centrada no advogado mais pilantra da TV.

    A produção estreia em fevereiro nos Estados Unidos. O serviço de vídeo sob demanda Netflix, que possui os direitos da série para o Brasil, deve anunciar no final de janeiro quando ela chegará ao país.

    "Na temporada final de 'Breaking Bad', contávamos piadas sobre qual personagem poderia ganhar uma série própria", conta Odenkirk.

    "Mas nunca pedi ao Vince [Gilligan, criador do seriado] para escrever algo com Saul." Mesmo assim, Gilligan e o "pai" do personagem, o produtor Peter Gould, começaram a pensar em um novo programa.

    "No início, achamos que o tom seria mais cômico", revelou Gilligan, que escreve e dirige o primeiro episódio. "Mas logo vimos que havia muito drama naquele humor", diz.

    De paletó acima do número, cabelos em mais abundância e um sorriso genuinamente feliz, Odenkirk caminha com a reportagem da Folha até seu trailer. Ele não parece preocupado em tomar as rédeas de um fenômeno pop, cujo último episódio foi visto por mais de 10 milhões apenas nos Estados Unidos.

    "É impossível competir com o que foi 'Breaking Bad'", admite o ator. "Não podemos replicar esse tipo de sucesso revolucionário. Temos uma personalidade diferente, somos uma série original."

    DEFENSOR PÚBLICO

    É o que os dois primeiros episódios de "Better Call Saul" adiantam. A trama começa no futuro: em imagens em preto e branco, vemos Saul trabalhando em uma loja de doces e vivendo do passado, assistindo a fitas antigas com seus comerciais, aqueles que atraíram a atenção de Walter White.

    De repente, vamos para 2002, seis anos antes da história mostrada em "Breaking Bad". Saul, ou melhor, Jimmy McGill (seu nome verdadeiro), tenta ganhar a vida honestamente como defensor público, ganhando ninharias para livrar necrófilos da prisão.

    Ursula Coyote/AMC/Divulgação
    O ator Bob Odenkirk em cena da série 'Better Call Saul
    O ator Bob Odenkirk em cena da série 'Better Call Saul'

    "A série mais uma vez é sobre transformação. O que aconteceu com aquele sujeito para que anos depois defendesse traficantes e criminosos?", pergunta Odenkirk.

    Uma pista pode ser Chuck (Michael McKean, de "This Is Spinal Tap"), o misterioso irmão de Jimmy. Advogado poderoso, ele está enfurnado em sua casa, paranoico. "Ele costumava cuidar de Jimmy, bancou sua faculdade, mas agora a situação é oposta", conta McKean, com pouca liberdade para entregar mais detalhes.

    "Existe um passado poderoso ali." Ou talvez a série planeje algo para Kim Wexler (Rhea Seehorn), tida como par romântico de Saul. Não importa. A série possui ingredientes suficientes para atrair os órfãos de "Breaking Bad".

    Como o início da parceria de Saul com Mike (Jonathan Banks), o detetive casca-grossa que ganhou o público nas últimas artimanhas de White. "Haverá um episódio inteiro sobre o passado de Mike. Mas precisam correr, porque o velho Jonathan está ficando velho e não sei por quanto tempo as pessoas vão comprar a ideia de que sou durão", brinca Banks, 67.

    Apesar da primeira temporada de "Better Call Saul", com dez episódios, não ter aparições de Walter White ou Jesse Pinkman (Aaron Paul), a segunda, com mais 13 capítulos, já foi garantida pela Netflix, gerando a possibilidade de mais aparições especiais –até mesmo uma temporada vivida em um período posterior ao término de "Breaking Bad". "Deixamos tudo em aberto. Nada é impossível", diz Peter Gould.

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