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    Diretor de Sundance elogia brasileiro na competição

    VITOR MORENO
    EDITOR-ASSISTENTE DO "F5"

    25/01/2015 02h51

    Responsável pela seleção dos filmes que passam por Sundance, principal festival de cinema independente do mundo, o americano Trevor Groth diz que o brasileiro "Que Horas Ela Volta?", de Anna Muylaert, único do país em competição neste ano, tem potencial para ser premiado.

    "Acho que o brasileiro será um dos destaques do festival", disse à Folha, por telefone, o diretor de programação. "É o tipo de filme ao qual acredito que o júri responderá bem. Ele tem chances reais de ganhar um prêmio."

    A produção, dirigida pela paulistana Muylaert ("É Proibido Fumar"), narra o drama de Val (Regina Casé), que deixa o filho no interior de Pernambuco para trabalhar como babá em São Paulo. A estreia mundial será neste domingo (25), no festival, no Estado de Utah.

    "É um filme caloroso, inteligente e bonito e, ao mesmo tempo, desafiador e provocativo", elogiou Groth. "Ele lança um olhar novo sobre a temática familiar, que é clássica. É filmado com tanta vida que fui arrebatado por ele."

    Segundo Groth, filmes como o brasileiro são os que estão fazendo a competição internacional de Sundance ganhar corpo nos últimos anos.

    "A nossa competição internacional ainda está tentando se estabelecer", avaliou. "Há outros festivais, como os de Cannes e Berlim, que existem há muitas décadas. Nós ainda somos jovens [o festival faz 30 anos neste 2015], mas esse é o tipo de filme que creio que vai nos colocar no mapa."

    Divulgação
    Regina Casé e Michel Joelsas em cena do filme 'Que Horas Ela Volta?', de Anna Muylaert
    Regina Casé e Michel Joelsas em cena do filme 'Que Horas Ela Volta?', de Anna Muylaert

    PLATAFORMA

    Para Groth, a competição entre os filmes americanos tende a receber mais atenção em Sundance por causa dos sucessos independentes que surgiram por lá. Em 2014, estrearam no festival, entre outros, "Boyhood - Da Infância à Juventude" e "Whiplash - Em Busca da Perfeição", agora indicados a vários Oscars.

    "Gosto de pensar que fomos uma boa plataforma de lançamento para que esses filmes chegassem onde chegaram", afirmou o diretor.

    Segundo ele, a pergunta que mais ouve todo ano é: qual seu preferido entre os selecionados. "Quase nunca respondo, mas no ano passado disse que era 'Boyhood', porque é um filme único. É a coroação de tudo o que o cinema independente alcançou."

    Para este ano, a aposta é "Mistress America", de Noah Baumbach. Na fita, o diretor volta a trabalhar com Greta Gerwig, com quem já havia feito "Frances Ha" (2012). "Eles têm uma química incrível", comentou. "Esse é um que eu estou bem animado de poder mostrar neste ano."

    Groth disse ainda ver como positiva a invasão de astros de Hollywood nos filmes independentes —Jennifer Lopez e Ryan Reynolds, por exemplo, estão em longas do festival neste ano. Contudo, gosta mesmo é de ver surgir na tela um novo talento: "Parte da graça é descobrir os nomes que vamos ver por aí por vários e vários anos".

    *

    DESTAQUES

    'THE BRONZE'
    O filme sobre uma ex-ginasta que teme perder o status abriu o festival deste ano. Em 2014, a honraria coube ao premiado "Boyhood".

    'THE DIARY OF A TEENAGE GIRL'
    Vivida por Bel Powley, jovem se envolve com namorado da mãe. Revelação, a atriz foi comparada a Carey Mulligan.

    'KURT COBAIN: MONTAGE OF HECK'
    Com imagens inéditas do líder do Nirvana, morto em 1994, documentário foi produzido pela filha dele, Frances Bean Cobain.

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