• Ilustrada

    Friday, 21-Jun-2024 03:01:10 -03

    Servidores da Biblioteca Nacional fazem paralisação por conta do calor

    MARCO AURÉLIO CANÔNICO
    DO RIO
    RAQUEL COZER
    COLUNISTA DA FOLHA

    27/01/2015 13h19

    A sede da Biblioteca Nacional, no Rio, amanheceu fechada ao público nesta terça-feira (27), por conta de uma paralisação de 24h dos servidores, que reclamam das altas temperaturas e dizem que o acervo corre risco.

    Por volta do meio-dia, cinco servidores faziam piquete na entrada da biblioteca, com faixas com dizeres como "um dia a casa cai" e "patrimônio em risco".

    Ricardo Borges/Folhapress
    Paralisação dos servidores da Biblioteca Nacional, que alegam que o acervo corre perigo devido as altas temperaturas
    Paralisação dos servidores da Biblioteca Nacional, que alegam que o acervo corre perigo devido as altas temperaturas

    Também distribuíam um panfleto no qual pediam desculpas pelo transtorno e afirmavam que "essa luta é em benefício da preservação do acervo, por condições dignas de trabalho e pela segurança do servidor e do pesquisador/visitante".

    "Documentos e obras de valor inestimável sofrem expostos a altas temperaturas!", diz outro trecho do panfleto.

    APARELHOS ANTIGOS
    A paralisação de 24h foi decidida pelos funcionários em assembleia na última quinta-feira (22). A Biblioteca Nacional tem 59 aparelhos de ar condicionado grandes e antigos – segundo a atual gestão, foram instalados entre as décadas de 1970 e 1980 –, com um histórico de mal funcionamento.

    "Os aparelhos estão funcionando com capacidade de 70%, vários lugares estão frios. O problema é a idade dos aparelhos, que estão obsoletos há pelo menos 20 anos", disse Ângela Fatorelli, chefe de gabinete de Renato Lessa, atual presidente da biblioteca.

    A reforma de 2013 no ar refrigerado, licitada na gestão de Galeno Amorim e executada pouco depois de Lessa assumir o cargo, em meados de 2013, foi pensada como solução temporária, enquanto não se instalava um sistema novo. Na ocasião, foram recuperados 49 aparelhos.

    "No início da gestão, recuperamos [os aparelhos antigos], mas estão a 70%. Todos os laboratórios estão mais do que frios, os salões de leitura estão frios. Em algumas salas eles estão funcionando perfeitamente, mas, em relação à casa inteira, os aparelhos são obsoletos e está fazendo 50ºC."

    LICITAÇÃO
    Em 2013, Lessa informou a Folha de que o projeto para a implantação do sistema definitivo seria contratado ainda naquele ano. Agora, a FBN diz que a licitação para a parte elétrica será aberta nesta quarta (28).

    "Amanhã [quarta] vamos realizar a licitação da parte elétrica, que é condição necessária para a atualização do sistema. Se tudo der certo, em 45 dias teremos um vencedor e aí começam as obras", disse Fatorelli.

    Segundo ela, os recursos para a obra na parte elétrica (R$ 8 milhões) foram liberados na última segunda (26). "Quando o Renato chegou aqui, não havia projeto para a parte elétrica, tivemos de fazer um, submeter ao Iphan e conseguimos ontem a liberação de R$ 8 milhões. Depois vamos ter de fazer as obras civis e, depois, a aquisição dos novos aparelhos. Todo esse processo pode levar até três anos."

    A direção da casa questiona as afirmações dos servidores de que as obras raras estariam em risco por conta do calor.

    "A biblioteca só passou a ter ar condicionado nos anos 1970, então todos os documentos ficaram sem ar condicionado até então. Não dá para dizer que os livros estão em risco, temos o aval do setor de restauração."

    [an error occurred while processing this directive]

    Fale com a Redação - leitor@grupofolha.com.br

    Problemas no aplicativo? - novasplataformas@grupofolha.com.br

    Publicidade

    Folha de S.Paulo 2024