• Ilustrada

    Sunday, 28-Apr-2024 07:31:54 -03

    Jornalista conta em livros bastidores de suas entrevistas com músicos

    CAROL NOGUEIRA
    COLABORAÇÃO PARA A FOLHA, DE LOS ANGELES

    28/01/2015 02h25

    Não se deixe enganar pelo "mal-humorado" no subtítulo do livro "Strange Days: The Adventures of a Grumpy Rock'n'Roll Journalist in Los Angeles" (dias estranhos: as aventuras de um jornalista de rock'n'roll mal-humorado em Los Angeles).

    Publicado como e-book no ano passado, o livro escrito por Dean Goodman, jornalista neozelandês radicado em Los Angeles, foi lançado neste mês em versão física. Por enquanto, só em inglês.

    Goodman é um tanto cínico, mas passa longe de ser mal-humorado. Pelo contrário, ele é otimista e diz que está numa missão para "livrar as crianças da Katy Perry".

    "O que espero com esse livro é que jovens leiam sobre o Bowie e pintem o cabelo de laranja, ou que descubram Johnny Cash e comecem a se importar. A vida sem punk rock é horrível", diz ele à Folha.

    Mick Rock/Divulgação
    David Bowie em 1973
    David Bowie em 1973

    No volume, ele conta histórias como o dia em que fez David Bowie chorar. Foi quando Goodman e o músico inglês falavam sobre o meio-irmão de Bowie, Teddy Burns, que suicidou-se ao se atirar na frente de um trem, em 1985.

    "Ele ficou com lágrimas nos olhos e eu me senti péssimo. Não queria fazer ele chorar", escreve, no livro.

    Goodman sonhava com os EUA desde os 5 anos, quando ouviu Monkees e Beatles. "Eu cresci no lugar mais chato do mundo. E a Nova Zelândia é muito cara, igual ao Brasil", afirma. Casado com uma brasileira, ele já esteve várias vezes no país.

    Aos 23 anos, então jornalista de economia e política, ele se mudou para os Estados Unidos. A primeira coisa que fez ao chegar em Los Angeles foi alugar um apartamento em Venice Beach, "para ser igual ao Jim Morrison".

    Ele passou outros 23 anos como jornalista na agência de notícias Reuters, até 2011. "Eu era um ninguém. Passava o dia no telefone explicando para as pessoas quem eu era. No fim, deu certo", diz.

    Desde então, entrevistou todos os seus ídolos –ou quase. "Só faltaram os que morreram, como Kurt Cobain ou John Lennon. Mas entrevistei Yoko Ono, então cheguei perto."

    Algumas entrevistas foram golpe da sorte, como a que fez com Steven Adler, do Guns n' Roses. Goodman soube que o músico havia tido uma overdose. Ele ligou para o hospital, pediu para falar com Adler e ele não só atendeu como falou sobre as drogas e sobre as brigas do Guns.

    Certa vez, Goodman foi entrevistar o grupo Bush e o vocalista, Gavin Rossdale, lhe ofereceu um baseado. "Não gosto muito de maconha, mas fumei. De repente, não sabia se estava fazendo as perguntas certas, como ele estava reagindo. Fiquei bem paranoico."

    Outro caso que conta no livro é quando foi entrevistar Johnny Cash e ganhou um tour da casa oferecido pela mulher de Cash, a também cantora June Carter Cash.

    Ele já teve de entrevistar músicos dos quais não gosta, como Demi Lovato "a quem confundi com Selena Gomez", e Hilary Duff, de quem "até gostou". "Mas respeito todos", afirma. "Ser músico nunca é o caminho mais fácil."

    Outros entrevistas contidas na biografia: Ray Charles, Billy Idol, Iggy Pop, Phil Collins, Roger Taylor (Queen), Gene Simmons (Kiss) e por aí vai.

    E quando não está entrevistando ídolos, Goodman está viajando. Ele já acumulou tantas milhas que ganhou status "diamante" –lembra do personagem de George Clooney no filme "Amor Sem Escalas"? Então.

    A maiorias dessas viagens foi para ver sua banda favorita, Rolling Stones, a qual já assistiu nada menos do que 217 vezes entre 1989 e 2014 –ele também tem 200 camisetas dos caras.

    STRANGE DAYS: THE ADVENTURES OF A GRUMPY ROCK'N'ROLL JOURNALIST IN LOS ANGELES
    AUTOR Dean Goodman
    EDITORA Outpost Books
    PREÇO US$ 15 (R$ 39, versão impressa) e US$ 7 (R$ 18, e-book), na Amazon

    Fale com a Redação - leitor@grupofolha.com.br

    Problemas no aplicativo? - novasplataformas@grupofolha.com.br

    Publicidade

    Folha de S.Paulo 2024