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    Harper Lee publicará continuação de 'O Sol É para Todos' 55 anos depois

    DE SÃO PAULO

    04/02/2015 02h10

    A reclusa escritora norte-americana Harper Lee, 88, vai publicar seu segundo romance em 14 de julho, 55 anos depois de lançar o clássico "O Sol É para Todos" (1960), anunciou a editora Harper Collins nesta terça (3).

    O novo romance, "Go Set a Watchman", embora tenha sido escrito antes, é uma sequência de "O Sol". A personagem Scout Finch, a menina narradora do primeiro livro, reaparece adulta, 20 anos depois, para visitar o pai, o advogado Atticus. Outros personagens do livro anterior voltarão na história.

    "Go Set a Watchman" (arrume um vigia) foi concluído nos anos 1950, mas o editor de Lee na época a convenceu a modificar o livro e contar a história na perspectiva de Scout ainda menina.

    As mudanças resultaram em "O Sol É para Todos", um fenômeno de crítica e pública como raras vezes já se viu.

    O romance recebeu um prêmio Pulitzer, várias vezes foi classificado como um dos dez mais importantes publicados no século 20, foi traduzido em quase 50 línguas, vendeu mais de 40 milhões de exemplares no mundo e inspirou um filme homônimo de sucesso vencedor de três Oscar em 1963, incluindo melhor ator (Gregory Peck) e roteiro adaptado.

    O romance, ambientado em uma cidadezinha do Estado do Alabama dos anos 30, retrata um negro acusado de estuprar uma mulher branca.

    Mandel Ngan/AFP
    A escritora Harper Lee recebe a Medalha da Liberdade, em 2007
    A escritora Harper Lee recebe a Medalha da Liberdade, em 2007

    Atticus Fincher, interpretado por Peck no cinema, é um advogado idealista que irá defender o acusado. Pelos olhos da pequena Scout, filha do advogado, Lee fez um retrato do preconceito racial acirrado do sul dos EUA.

    Apesar de todo o sucesso de seu romance de estreia, Lee nunca mais publicou outro livro. Passou os últimos 50 anos numa reclusão quase total.

    Segundo o comunicado divulgado pela editora Harper, Lee julgava que "Go Set a Watchman" estivesse perdido ou destruído. Os originais teriam sido descobertos pelo advogado da escritora.

    "Depois de muita hesitação eu compartilhei o livro com algumas pessoas de confiança e fiquei satisfeita ao ouvir que eles o consideravam digno de publicação. Fico maravilhada por ele ser publicado depois de todos esses anos", divulgou por nota.

    Ainda não há indícios para aferir se a inusitada história é ou não um golpe de marketing, mas certamente será um ótimo negócio para editora e escritora.

    A Harper Collins classifica o livro como um "acontecimento literário extraordinário" e planeja imprimir 2 milhões de cópias.

    Quando conversou brevemente com jornal inglês "Daily Mail" em 2010, Lee morava em um modesto apartamento de uma residência para idosos em Monroeville, sua cidade natal no Alabama.

    A terra natal teve forte influência na criação de Lee. Lá, conheceu Truman Capote (1924-1984), o grande incentivador de sua escrita, de quem inclusive foi assistente nas pesquisas do livro "A Sangue Frio" (leia ao lado).

    E foi nas tensões raciais da pequena cidade que Lee buscou inspiração para seu clássico. O pai da escritora, advogado como o Atticus do livro, defendeu negros acusados de assassinato em 1919. Mas relatos informam que ele era um segregacionista convicto.

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