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    Artistas e amigos lamentam morte de atriz Odete Lara; veja repercussão

    DE SÃO PAULO

    04/02/2015 16h27 - Atualizado às 18h03

    Bruno Barreto, cineasta

    "Trabalhei com a Odete quando eu tinha 18 anos, em meu segundo filme, "A Estrela Sobe". Ela fazia o papel de Dulce Veiga, uma espécie de mentora e madrinha da personagem principal, Leniza Mayer (Betty Faria). Foi uma honra a Odete ter aceitado o meu convite. Aprendi com ela que o cinema é a arte da economia, especialmente na interpretação, em que o não dito é mais importante do que o dito. Ela estava linda no filme, foi uma das experiências mais bonitas de minha vida. Os dois atores com quem mais aprendi foram Odete Lara e Marcelo Mastroianni. Além de grande atriz, era muito culta e tinha um grande senso de humor, o que dava inteligência à sua atuação. Ela tinha as qualidades de uma diva de cinema, uma presença física impressionante, junto com as qualidades de atriz. Ter as duas coisas é raro. Odete era tudo. Queria ter feito muitos outros filmes com ela."

    Gilberto Braga, autor de novelas

    "Linda, boa atriz, era uma mulher angustiada, como ela mesma conta em sua primeira autobiografia. Fomos muito amigos. Em 1992 e 1994, por necessidade financeira, ela aceitou fazer participações nas minhas novelas O dono do mundo e Pátria Minha. Antes disso, Braga chegou a convidar Odete para interpretar a vilã Odete Roitman, na novela Vale Tudo. Ela leu a sinopse e recusou porque a Roitman era (isso foi mudado depois) dona de indústria de armamentos."

    Eva Wilma, atriz

    "Acompanhei a carreira de Odete, mas minha única parceria com ela foi à frente da passeata dos cem mil, em 68, contra a ditadura militar. Odete foi uma musa, principalmente do cinema, sempre muito bonita e querida. Ela deixou um belo trabalho, que merece ser reverenciado."

    Monja Coen, líder espiritual budista

    "Odete Lara costumava me dizer que 'vivia como se fosse uma monja'. Morava só, tinha uma rotina bem tranquila, sistemática e organizada. Acordava muito cedo, como nos mosteiros, para as práticas de meditação, estudos e traduções (traduziu também textos do Mestre Vietnamita Thich Nath Hahn, de quem também se tornou seguidora). Ela deixa um trabalho muito importante para pensadores, filósofos, estudiosos das religiões e praticantes Zen Budistas através das obras que traduziu e da prática verdadeira que foi a sua, desde que encontrou o Zen Budismo."

    Marcelo del Cima, pesquisador na área teatral

    "É impossível falar do cinema nacional sem falar de Odete. Ela protagonizou filmes que marcaram época e foi a grande representante da obra de Nelson Rodrigues. Uma triste coincidência ela ter morrido logo após a morte de Maria Della Costa, de quem era muito amiga. Em poucos dias perdemos duas grandes do cinema e do teatro brasileiro."

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