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    Filmes pequenos são mais interessantes, diz Bill Murray

    RODRIGO SALEM
    COLABORAÇÃO PARA A FOLHA, DE TORONTO

    05/02/2015 02h25

    Theodore Melfi, diretor de "Um Santo Vizinho", queria convidar Bill Murray, lenda da comédia americana, para protagonizar seu filme sobre um garoto que, após o divórcio dos pais, encontra conforto na amizade com um veterano de guerra ranzinza. Conseguiu, mas não foi fácil.

    Deixou recados em uma secretária eletrônica que podia ou não ser de Murray e enviou roteiros para supostas caixas postais do ator. Quando recebeu uma resposta, teve de dirigir pelo deserto, atravessar reservas indígenas e comer em lanchonetes baratas antes de ouvir um "sim".

    Murray não tem agente, não usa celular e mora na área rural de Charleston (Carolina do Sul, EUA). "Já me ligaram três vezes para oferecer trabalho para Bill e mal o conheço", brinca a atriz Naomi Watts, sua colega em "Um Santo Vizinho", longa que tem pré-estreia nesta sexta (6) no Brasil.

    Divulgação
    Bill Murray em cena do filme 'Um Santo Vizinho'
    Bill Murray em cena do filme 'Um Santo Vizinho'

    Dono de um currículo que inclui "Os Caça-Fantasmas" (1984) e "Encontros e Desencontros" (2003), Murray encontrou a Folha em Toronto, em 6/9, um dia depois de comemorar com centenas de fãs o Dia de Bill Murray no festival de cinema canadense.

    "Isso significa que estou mais perto de morrer", diverte-se. "Por que ganhei um dia? Acho que para garantir minha presença no evento."

    Folha - Você gosta de aparecer em festas de desconhecidos e conversar com fãs na porta do cinema. Por quê?

    Bill Murray - Gosto de interagir e ter conversas de verdade com pessoas reais. Quando preciso falar mais, ligo para meu irmão ou minha irmã. Eles não conversam comigo pensando no ator, no personagem. Para eles, sou apenas Billy. E sinto falta disso.

    Você hoje tem a liberdade para fazer o que quiser?

    Posso fazer o projeto que desejar, porque fiz sucesso cedo na carreira, levado por pessoas como meu irmão [o comediante Brian Doyle-Murray] e John Belushi. Isso me deixou exigente. Decidi que não ia mais correr atrás de nenhum filme e funcionou. Não procuro por eles, os filmes me encontram agora.

    E como um cineasta consegue Bill Murray para um filme?

    Não tenho mais agente, pois, quando tinha, sempre recusava projetos. Eles jogavam toneladas de lixo nas minhas costas e eu só falava "não". Parece que os bons filmes estão chegando mais agora. Ainda faço longas ruins, mas em menor número.

    Mas como esses filmes chegam até você?

    Não sei. É um fardo para os meus amigos. Um dos meus melhores amigos provavelmente recebe 30 telefonemas por semana me oferecendo emprego. Então, de vez em quando, preciso dar um presente para ele (risos).

    Financeiramente não é complicado?

    Acho que faz 13 anos que trabalho sem receber. Escolhi fazer o que chamo de "tragédias artísticas", que mal têm grana, e ganho bem abaixo do que cobro. É um jeito difícil de sobreviver, mas tudo bem. Hoje não se fazem filmes grandes e ousados e os pequenos ficaram mais interessantes. "Encontros e Desencontros" levou 28 dias e ninguém tinha dinheiro. Mas fiz porque gostava do projeto. Não digo que não faria um filme caro, mas só se gostasse.

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