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    Versão para cinema ignora unidade do livro, diz irmã de Andrés Caicedo

    VITOR MORENO
    ENVIADO ESPECIAL A PARK CITY

    07/02/2015 02h02

    Considerado inadaptável por muitos, o livro "Viva a Música!" teve sua primeira versão para o cinema exibida na semana passada no Festival de Sundance, nos Estados Unidos, e dividiu opiniões.

    "O que eu recomendaria é que leiam o livro, porque, sendo muito honesta, achei o filme bastante incoerente", disparou Rosario Caicedo, irmã do autor, ao fim da sessão.

    A assistente social aposentada, que mora em Connecticut, do outro lado do país, viajou a Park City porque estava curiosa para ver o filme.

    "O romance tem uma unidade poderosa, ignorada do começo ao fim. Você testemunha o destino trágico da personagem quase dançando."

    Eduardo Carvajal/Divulgação
    A atriz Paulina Dávila em imagem do filme "Que Viva la Musica", de Carlos Moreno
    A atriz Paulina Dávila em imagem do filme "Que Viva la Musica", de Carlos Moreno

    O produtor Rodrigo Guerreiro disse que conseguir os direitos da obra foi fácil e que a família considerava que já era hora de haver uma adaptação da obra para as telas.

    À Folha, a irmã de Caicedo –16 meses mais velha que o caçula, mas mais nova que as outras duas irmãs– contou que foi voto vencido na hora de vender os direitos. O espólio é administrado pelas três.
    A produção, dirigida por Carlos Moreno, mostra algumas situações vividas pela protagonista María del Carmen (Paulina Dávila), mas passa longe de ser fiel à obra.

    Há poucas referências à época da trama, que se passa nos anos 1970 (a certa altura fala-se no euro, moeda de 1995), e a protagonista é vivida por uma atriz mais conhecida por papéis em telenovelas e cujo principal atributo é se parecer com a cantora Shakira. A trilha sonora também não leva muito em conta as referências do livro.

    "Fizemos um filme inspirado no livro, o que é diferente de adaptar", disse o diretor. "Foi complexo, porque sabíamos que não chegaríamos à profundidade e à complexidade do romance."

    Segundo ele, o objetivo foi manter "o aspecto de manifesto da obra, de rebelar-se contra uma sociedade e entregar-se à festa, apesar do que digam". "Não sei se conseguimos cumprir esse objetivo. Isso o espectador é quem vai poder dizer."

    O jornalista VITOR MORENO viajou a convite do Sundance Channel.

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