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    Jessica Lange, que expõe em SP, se diz seduzida pelo anonimato da fotografia

    SILAS MARTÍ
    DE SÃO PAULO

    11/02/2015 02h00

    Um dos rostos mais marcantes de Hollywood, Jessica Lange sente prazer no anonimato. A vencedora de dois Oscar é também uma fotógrafa viciada em cenas de altíssimo contraste flagradas de longe.

    "Gosto da sensação de estar fazendo algo solitário, de ser o observador e não o observado", diz Lange, que mostra agora mais de cem de suas imagens no Museu da Imagem e do Som. "É uma ótima alternativa a fazer filmes."

    Lange, aliás, começou estudando fotografia antes de se tornar atriz. As imagens de sua exposição foram realizadas em Minnesota, no norte dos Estados Unidos, onde nasceu, e numa série de países, em especial o México.

    Jessica Lange/Divulgação
    Fotografia de Jessica Lange, do Dia dos Mortos, no México, agora no MIS
    Fotografia de Jessica Lange, do Dia dos Mortos, no México, agora no Museu da Imagem e do Som

    Em quase todas, Lange parece buscar um grau de estranheza, com personagens bizarros, como os fantasiados no Dia dos Mortos mexicano.

    Mas também tenta arquitetar narrativas instantâneas, como na imagem em que mostra a face de uma garota refletida no retrovisor de um carro -único ponto em foco do quadro-, atrás do rosto de quem dirige, um homem mais velho quase irreconhecível.

    Enquanto sua fase mexicana às vezes esbarra num deslumbramento bobo diante do exótico, sua obra em contextos mais neutros, como cidades da Europa e dos Estados Unidos, ganha força e aspereza com a justaposição de cenas com palavras capturadas quase ao acaso, como um cartaz na mão de judeus ortodoxos que diz condenar alguma coisa, mas o que não se sabe.

    "Isso tem a ver com a forma em que vemos as coisas", diz Lange. "Estou sempre em busca de um certo efeito entre as pessoas. E, como no cinema, é interessante como a luz cria uma teatralidade."

    Sua luz intensa lembra a obra de fotógrafos como o americano Walker Evans e o mexicano Manuel Álvarez Bravo, verdadeiro arquiteto de claros-escuros faiscantes.

    "Se eu tivesse escolhido esse caminho, acho que poderia ter levado uma vida de fotógrafa mesmo", diz Lange. "A fotografia é quase uma meditação para mim."

    JESSICA LANGE
    QUANDO de ter. a sex., das 12h às 21h; sáb., das 10h às 22h; dom., das 11h às 20h; até 5/4
    ONDE MIS, av. Europa, 158, tel. (11) 2117-4777
    QUANTO R$ 6

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