A casa como laboratório das ideias modernas. Uma exposição em Nova York quer mostrar que o design foi um terreno para as experimentações que impulsionaram o modernismo no Brasil, no México e na Venezuela depois da Segunda Guerra.
"Moderno: Design da Vida Cotidiana no Brasil, México e Venezuela, 1940-1978" fica em cartaz até 16/5 e foi produzida pela Americas Society, organização que promove relações interamericanas.
Segundo a curadora Gabriela Rangel, diretora de artes visuais da Americas Society, o design e a fotografia do modernismo latino-americano têm sempre ficado de fora das mostras sobre as vanguardas que tornaram as artes plásticas e a arquitetura do período mais conhecidas do público.
Assim, ela assumiu a empreitada de mostrar pela primeira vez a produção desses três países em um conjunto de 80 obras, com peças únicas, objetos domésticos produzidos em série, mobiliário, cerâmicas, tecidos e impressos.
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Foto da sala de estar da casa de praia de Alfredo Boulton na ilha de Margarita, na Venezuela, projetada por Miguel Arroyo |
Para a seleção, convidou os curadores Maria Cecilia Loschiavo dos Santos (Brasil), Ana Elena Mallet (México) e Jorge Rivas Pérez (Venezuela).
Para a curadora brasileira, Cecília Loschiavo, filósofa e professora da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da USP, nos três países, as experimentações do design moderno são afirmações da capacidade nativa dos projetos, ligadas a um interesse pela natureza e pelas misturas culturais.
"Os designers latino-americanos foram pioneiros em estabelecer uma relação entre o material e o ambiente desde o início dos anos 1940. Eles mantiveram diálogo com as tradições internacionais, mas também desenvolveram sua própria língua", diz.
A curadora mexicana considera que o design era um projeto do Estado no seu país no período, "uma maneira de incorporar a população indígena no sistema, psíquica e simbolicamente".
Entre os designers brasileiros na exposição, estão obras de Lina Bo Bardi, Geraldo de Barros, José Zanine Caldas, Nelson Ivan Petzold, Sergio Rodrigues, Joaquim Tenreiro e Jorge Zalszupin. Cecília Loschiavo escolheu expor a "Mole", de Sergio Rodrigues, por ser a mais difundida peça sobre o Brasil no exterior, mas também porque ela é "a história da conquista, de uma catequização do mercado".
"Ela foi uma revolução no regime estético. Uma revolução silenciosa que passou a entrar na casa brasileira junto com as mudanças na arquitetura do país", diz.
Depois de Nova York, está prevista a montagem da exposição no museu Blanton, em Austin, Texas.