• Ilustrada

    Sunday, 10-Nov-2024 16:41:43 -03

    Exposição em NY apresenta design como experimento modernista

    MARA GAMA
    DE COLUNISTA DA FOLHA

    18/02/2015 02h25

    A casa como laboratório das ideias modernas. Uma exposição em Nova York quer mostrar que o design foi um terreno para as experimentações que impulsionaram o modernismo no Brasil, no México e na Venezuela depois da Segunda Guerra.

    "Moderno: Design da Vida Cotidiana no Brasil, México e Venezuela, 1940-1978" fica em cartaz até 16/5 e foi produzida pela Americas Society, organização que promove relações interamericanas.

    Segundo a curadora Gabriela Rangel, diretora de artes visuais da Americas Society, o design e a fotografia do modernismo latino-americano têm sempre ficado de fora das mostras sobre as vanguardas que tornaram as artes plásticas e a arquitetura do período mais conhecidas do público.

    Assim, ela assumiu a empreitada de mostrar pela primeira vez a produção desses três países em um conjunto de 80 obras, com peças únicas, objetos domésticos produzidos em série, mobiliário, cerâmicas, tecidos e impressos.

    Divulgação
    Foto da sala de estar da casa de praia de Alfredo Boulton na ilha de Margarita, na Venezuela, projetada por Miguel Arroyo
    Foto da sala de estar da casa de praia de Alfredo Boulton na ilha de Margarita, na Venezuela, projetada por Miguel Arroyo

    Para a seleção, convidou os curadores Maria Cecilia Loschiavo dos Santos (Brasil), Ana Elena Mallet (México) e Jorge Rivas Pérez (Venezuela).

    Para a curadora brasileira, Cecília Loschiavo, filósofa e professora da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da USP, nos três países, as experimentações do design moderno são afirmações da capacidade nativa dos projetos, ligadas a um interesse pela natureza e pelas misturas culturais.

    "Os designers latino-americanos foram pioneiros em estabelecer uma relação entre o material e o ambiente desde o início dos anos 1940. Eles mantiveram diálogo com as tradições internacionais, mas também desenvolveram sua própria língua", diz.

    A curadora mexicana considera que o design era um projeto do Estado no seu país no período, "uma maneira de incorporar a população indígena no sistema, psíquica e simbolicamente".

    Entre os designers brasileiros na exposição, estão obras de Lina Bo Bardi, Geraldo de Barros, José Zanine Caldas, Nelson Ivan Petzold, Sergio Rodrigues, Joaquim Tenreiro e Jorge Zalszupin. Cecília Loschiavo escolheu expor a "Mole", de Sergio Rodrigues, por ser a mais difundida peça sobre o Brasil no exterior, mas também porque ela é "a história da conquista, de uma catequização do mercado".

    "Ela foi uma revolução no regime estético. Uma revolução silenciosa que passou a entrar na casa brasileira junto com as mudanças na arquitetura do país", diz.

    Depois de Nova York, está prevista a montagem da exposição no museu Blanton, em Austin, Texas.

    Fale com a Redação - leitor@grupofolha.com.br

    Problemas no aplicativo? - novasplataformas@grupofolha.com.br

    Publicidade

    Folha de S.Paulo 2024