O maior perdedor da cerimônia do Oscar não foi "Foxcatcher", que não levou nenhum prêmio, ou "Sniper Americano", de Clint Eastwood, que, indicado em seis categorias, ganhou apenas o de melhor edição de som.

O maior derrotado na noite deste domingo (22) foi o apresentador da cerimônia, Neil Patrick Harris.

O ator de 41 anos fez sua estreia no Oscar depois de apresentar quatro vezes o prêmio Tony, dado aos melhores do ano na Broadway, e duas vezes o Emmy, principal premiação da TV norte-americana. E a reação não foi nada boa.

A crítica reclamou da qualidade duvidosa do texto e da falta de carisma de Harris. No site da revista "Vanity Fair", o crítico Richard Lawson escreveu: "Embora a transmissão não tenha sido particularmente longa, pareceu um tédio, e Harris não ajudou em nada a acelerar o ritmo". "Ele foi uma decepção", completou.

No site da BBC, Ben Sutherland opinou: "Lá pela metade da festa, havia terror no olhar de Harris cada vez que a câmera se aproximava".

De fato, o ator foi um desastre. É difícil acreditar que foi preciso um time de 12 roteiristas para escrever os textos chochos que ele interpretou de forma pouco convincente.

Quando Harris teve de improvisar, a coisa piorou: depois que a vencedora do prêmio de melhor documentário de curta-metragem dedicou o troféu ao filho adolescente, que cometera suicídio, o ator emendou uma piada grosseira sobre o vestido da mulher.

Não foi só a crítica que desaprovou a cerimônia, o público também. Os números revelam que a audiência despencou 16% nos EUA em relação ao Oscar do ano passado, comandado pela comediante Ellen DeGeneres, e foi a mais baixa em seis anos.

Mas a explicação pode não passar só pela ruindade do apresentador ou da cerimônia: a verdade é que a safra de filmes concorrentes este ano não atraiu o público como em edições anteriores.

Desde 2009, quando o Oscar ampliou o número de candidatos a melhor filme de cinco para o máximo de dez, não se via uma safra comercialmente tão fraca.

Até 16 de fevereiro, os oito concorrentes haviam arrecadado, em todo o mundo, US$ 1 bilhão em bilheteria. Parece muito, mas é um fracasso. Ano passado, os nove filmes indicados nessa categoria fizeram o dobro disso.

Com filmes menos populares, a tendência é a diminuição do interesse do público pela cerimônia, o que pode acarretar em queda no faturamento comercial da rede ABC, que transmite a festa.