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    Análise: À luz da física, tempo passaria bem mais devagar para McFly

    REINALDO JOSÉ LOPES
    COLUNISTA DA FOLHA

    26/02/2015 02h00

    Se Robert Zemeckis fosse um diretor mais nerd e mais preocupado em adequar seus filmes às leis da física, a série "De Volta para o Futuro" teria de ser rebatizada com o título "Passagem Só de Ida para o Futuro".

    E, falando nisso, esqueça as famosas 88 milhas por hora que fazem o DeLorean dos filmes acelerar pelo espaço-tempo. A velocidade correta para conseguir essa proeza teria de se aproximar dos 300 mil km/s, ou seja, a velocidade da luz.

    Isso porque os físicos sabem, desde os trabalhos seminais de Albert Einstein (1879-1955), que a passagem do tempo pode ser fortemente distorcida da perspectiva de um objeto que acelere muito ou que seja submetido a um campo gravitacional muito forte.

    O jeito mais simples de entender isso é pensar no espaço e no tempo como uma coisa só, formada por quatro dimensões (as três do espaço mais a dimensão temporal). Agora, considere que, nessas quatro dimensões, a maior velocidade que é possível alcançar é a da luz –dela ninguém nem nada consegue passar.

    Desse ponto de vista, até quem está parado nas três dimensões do espaço continua viajando na velocidade da luz –só que pela dimensão do tempo. Basta entrar em movimento no espaço, porém, para que o tempo comece a passar um pouquinho mais devagar, já que a soma de todas as velocidades no espaço-tempo tem de dar sempre o mesmo valor, os famigerados 300 mil km/s.

    Isso significa que, caso o DeLorean fosse acelerado a uma fração significativa dessa velocidade, o tempo passaria bem mais devagar para Marty McFly, da perspectiva de quem não está dentro do carrão. Na prática, ao desacelerar o carro, ele teria viajado para o futuro sem envelhecer, enquanto o tempo passaria na velocidade usual para sua complicada família.

    Tudo isso, aliás, tem comprovação experimental –os aparelhos de GPS, por exemplo, levam em conta a ligeira distorção temporal causada pela viagem dos satélites que os abastecem de dados em órbita da Terra.

    Na prática, claro, a teoria é outra. Ainda não dispomos de um combustível capaz de acelerar um DeLorean a essas velocidades doidas, e os passageiros seriam bombardeados por doses cavalares de radiação, entre outros problemas.

    E as jornadas ao passado? Algumas soluções das equações de Einstein sugerem que seria possível curvar o espaço-tempo a ponto de voltar a 1955. Mas, para isso, precisaríamos de formas exóticas de matéria e energia que muito provavelmente não existem. Ademais, se voltar ao passado fosse possível, por que o mundo não está cheio de turistas chatos do futuro tentando tirar selfies conosco?

    DE VOLTA PARA O FUTURO
    (BACK TO THE FUTURE)
    QUANDO sábado (28), domingo (1°/3) e quarta (4/3)
    ONDE cinemas da rede Cinemark (conferir salas participantes e horários em cinemark.com.br/classicos-cinemark)
    QUANTO R$ 14 (inteira)
    CLASSIFICAÇÃO livre

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