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    Nos 450 anos do Rio, exposições reveem transformações da cidade

    LUIZA FRANCO
    DO RIO

    02/03/2015 02h05

    O Rio vive hoje um período de transição, com a série de obras de infraestrutura para os Jogos Olímpicos de 2016. E, no ano em que a cidade completa 450 anos, exposições mostram outros momentos de transformação da paisagem carioca.

    A começar por uma retrospectiva do francês Jean-Baptiste Debret (1768-1848), um dos primeiros cronistas do Rio.

    Em suas obras, o pintor, que desembarcou na Baía de Guanabara em 1816 e ficou ali até 1831, retratou o dia a dia da cidade, principalmente dos escravos que circulavam na região portuária, no centro.

    CATIVOS

    Alvo de campanha de revitalização, a zona portuária também é reconstituída na exposição "Do Valongo à Favela: Imaginário e Periferia", em cartaz no MAR (Museu de Arte do Rio). Foi no chamado Cais do Valongo que aportaram 1 milhão de escravos entre 1811 e 1831. Ali funcionava ainda um dos principais pontos de venda de cativos do Brasil, o mercado do Valongo.

    O morro da Favela, atual morro da Providência, também teve origem nesse mesmo trecho. "Essa região vive desde o século 19 uma situação de ambiguidade. Cartograficamente é central, mas seu uso sempre foi de periferia. Atribuiu-se a ela tudo o que a cidade não queria", diz a curadora Clarissa Diniz.

    Na exposição, objetos históricos como ferramentas de tortura e adornos dos escravos são dispostos ao lado de fotos do morro, tomadas pelo fotógrafo Augusto Malta, e de obras de arte de Tarsila do Amaral.

    OCUPAÇÃO

    A julgar pelo que mostra "Rio: Primeiras Poses", em cartaz no Instituto Moreira Salles, a periferia foi pouco retratada pela fotografia até meados do século 20.

    A curadoria exibe os primeiros registros conhecidos da cidade, feitos a partir de 1840. Com 450 imagens montadas em ordem cronológica, a organização torna mais fácil entender a sequência da ocupação da cidade.

    Já a exposição "A Cidade Idealizada – O Rio Através dos Cartões-Postais (1900-1930)", no Centro Cultural da Justiça Federal, mostra um olhar romântico. "O cartão-postal era uma febre do momento. Foi uma revolução na comunicação", diz o curador Cícero de Almeida. "Era como o WhatsApp para a época. Por isso, os postais são um dos maiores conjuntos iconográficos preservados do Rio antigo."

    No início do século 20, aliás, as imagens mais comuns nos cartões-postais do Rio não eram do Corcovado nem do Pão de Açúcar –que ainda nem existiam como pontos turísticos–, mas de construções, obras e prédios.

    A cidade vivia o famoso "bota-abaixo", período de transformação urbanística assim apelidado pelo então prefeito Pereira Passos (1902-1906). O Rio seria uma vitrine da modernidade inspirada no modelo urbano de Paris.

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