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    Análise: Rico comeu pão que diabo amassou e era gato e rato com o colega

    ASSIS ÂNGELO
    ESPECIAL PARA A FOLHA

    04/03/2015 02h24

    O coração do pernambucano José Rico falhou e seus fãs emudeceram. Tristeza enorme de canto a canto do país. Por décadas, Zé formou parceria com o mineiro Milionário, de batismo Romeu Januário de Matos. A dupla vendeu milhões de discos no Brasil e no exterior. Os dois fizeram sucesso até na China.

    Rico e Milionário eram, na convivência em comum, que nem cão e gato: muito diferentes entre si, brigavam à toa como se gostassem disso, tanto que comumente subiam ao palco irritados, nervosos, sem se preocuparem com o que os fãs pudessem, eventualmente, achar.

    Conheci José Rico no começo dos anos 1990, quando eu e Rolando Boldrin fomos chamados pela Warner/Continental para viabilizar a coleção Som da Terra. O Boldrin pulou fora e me coube a tarefa de escrever os textos dos encartes. Milionário e José Rico não entraram na coleção porque para a dupla pensou-se em fazer uma caixa especial. O projeto ficou muito bonito, mas não foi lançado. Ainda guardo esses originais.

    A história de José Rico é uma história bastante comum entre pessoas aspirantes à glória pela via musical. Nasceu pobre, comeu o pão que o diabo amassou, até trocar o Paraná, onde se criou, pela capital paulista. Aqui conheceu Romeu, que virou Milionário, o seu grande parceiro, com quem logo gravou para o selo Continental/Chantecler, em 1973, algumas músicas que rapidamente ganharam o gosto popular, entre as quais "De Longe Também Se Ama" dele e de Jair Silva Cabral e "Paraná Querido" de Paulinho Gama e Goiá.

    A dupla Milionário e José Rico –separada algumas vezes em decorrência das brigas– fez parte da penúltima leva de "caipiras" em disco.

    A primeira fase sertaneja teve início com o tieteense Cornélio Pires, que entre 1929 e 1930 produziu, de modo independente, 52 discos de 78 voltas. A segunda fase começa nos anos de 1950 e vai até o começo de 1960, quando a dupla Leo Canhoto e Robertinho, ao modo dos caubóis americanos, passa a fazer sucesso cantando à moda country, com acompanhamento de guitarras. E hoje é o que se vê.

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