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    Livro 'Suruba para Colorir' reúne ilustrações do oba-oba grupal

    ANNA VIRGINIA BALLOUSSIER
    DE SÃO PAULO

    04/03/2015 02h40

    Enquanto degustava bolinhas de muçarela de búfala em colherezinhas de porcelana, um grupo de amigos abria o apetite para o questionamento: você tem fome de quê?

    De bundas, peitos, pênis e vaginas. Tudo no plural. "Vamos tentar nos divertir mais, transar mais, colorir mais", conta Bebel Abreu, 35. Ela idealizou "Suruba para Colorir" naquela noite quente de dezembro, numa "suruba criativa" na Lapa carioca.

    O livro reúne, em dois volumes, 35 versões ilustradas do oba-oba grupal, assinadas pelos cartunistas da Folha Laerte, Adão Iturrusgarai e João Montanaro e por nomes como Indio San (São Paulo) e Max Kisman (Amsterdã).

    Os desenhos só têm o contorno em preto. Cabe ao leitor pintar o resto, como aqueles livros para criança colorir. Uma experiência "lúdica" para adultos que serviu de sal de frutas após a ressaca eleitoral da disputa entre Dilma Rousseff e Aécio Neves, diz a editora da Bebel Books.

    Laerte
    Ciranda sexual da cartunista Laerte
    Ciranda sexual da cartunista Laerte

    "O povo falava muita merda, o país estava tenso." Até que caía bem seguir o conselho que Marta Suplicy deu quando era ministra do Turismo durante o caso do caos aéreo: "Relaxa e goza".

    Bebel menciona "a quantidade de homem que não pode nem ouvir falar de fio terra". Lembra também de quando as redes sociais pareciam uma filial da Liga das Senhoras Católicas com um trecho de "Girls". No seriado, uma personagem recebe um "beijo grego". "E daí o cara lamber a bunda da namorada?"

    Se depender das ilustrações, o objetivo parece ser mesmo explodir em cores o mundo de 50 tons de cinza.

    Adão pôs um cavalo no centro de seu desenho. Enquanto faz sexo oral num homem, o equino penetra uma mulher e é penetrado por outro homem –que, por sua vez, tem um parceiro atrás dele. Um casal heterossexual cavalga em seu lombo. Coelhos e cobras se amam por perto.

    "Pena que esqueci de colocar uns vegetais. Cenouras e melancias comporiam bem o ambiente", diz o cartunista.

    Uma frase acompanha o bacanal campestre: "Suruba é um lance pessoal. Para rolar, tem que chamar o pessoal".

    Já Laerte vê o sexo como um jogo de "proibições e permissões" e compara pornografia a maconha: "É proibido, mas todo mundo sabe onde tem". A cartunista, que criou uma ciranda sexual com três pessoas, acha suruba "um nome muito feliz: diz tudo".

    João Montanaro
    Cartum criado por João Montanaro
    Cartum criado por João Montanaro

    Antes de chamar João Montanaro para participar do livro, Bebel perguntou: "Você é maior de idade, né?". Com 18 anos, o caçula topou o convite e diz só ter desejado "que minha avó não visse".

    João brinca que é pouco versado no assunto. "Sou tão leigo que o primeiro desenho que fiz era um Papai Noel dormindo e um bando de anões e renas comendo ele."

    Bebel argumentou que isso era uma "curra" (quando dois ou mais abusam sexualmente de alguém), e não uma suruba. Na versão final, ele rabiscou cães enganchados uns nos outros e o seguinte balão: "Vem sempre aqui?".

    Xico Sá assina o prefácio do livro. Nele, exalta o poder da suruba para "derrubar barreiras de classe e, dependendo dos bons dotes, até promover a justa ascensão social".

    LANÇAMENTO DO LIVRO SURUBA PARA COLORIR
    QUANDO quarta (4), às 20h30
    ONDE Bar Basquiat, r. Lisboa, 191, tel. (11) 3082-7904
    QUANTO livro: R$ 30 (cada volume); R$ 90 (kit com os dois volumes e caixa de giz de cera). À venda no Bar Basquiat na data do lançamento e pelo site bebelbooks.iluria.com

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