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    Versão de ópera 'O Barbeiro de Sevilha' flerta com comédia stand-up

    GISLAINE GUTIERRE
    COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

    06/03/2015 13h52

    Famosa ópera cômica de Rossini, "O Barbeiro de Sevilha", com o personagem Fígaro, chega aos palcos numa releitura resumida, que mistura a tradição com o humor rápido, como o dos espetáculos de stand-up comedy.

    A montagem, da Companhia de Ópera Curta, faz sua pré-temporada com récitas gratuitas nesta sexta (6) e sábado (7), às 20h, no Theatro São Pedro, em São Paulo. Depois, percorrerá cidades do interior do Estado.

    "Muita gente cria desculpas para não ver óperas. Elas dizem que têm dificuldade com a linguagem, porque há outro idioma, e acham que a duração é muito longa, por exemplo", diz o diretor cênico Cleber Papa, que criou a companhia – um projeto da Secretaria de Estado da Cultura de São Paulo – junto com a diretora artística e de produção da ópera, Rosana Caramaschi.

    "O Barbeiro de Sevilha" terá duração de uma hora e meia. Na versão integral, sem intervalos, pode durar 2h40.

    PICA-PAU

    Para "enxugar" a ópera, o tempo de algumas ações foi reduzido. "Há uma cena de chuva, com quatro minutos e meio, que fazemos em um minuto e vinte", exemplifica Papa. "Fizemos cortes cirúrgicos."

    A partir do libreto, foi criado um novo texto, que é apresentado num formato teatral, em português. Não há aquela fala cantada, mas um texto que embute musicalidade, criado com ajuda do diretor musical e regente Luis Gustavo Petri.

    As árias famosas, os duetos e trios permanecem cantados no original, em italiano, com legendas em português.

    É nesses trechos que o público vai reconhecer a popularidade da ópera de Rossini (1792-1868). "Largo al Factotum" está num famoso episódio do desenho animado do Pica-pau em que ele banca o barbeiro, cantando loucamente "Fìgaro, Fígaro, Fíííííígaro!".

    AGILIDADE

    Na trama, Fígaro não é apenas um barbeiro, mas um "faz-tudo", como ele mesmo diz. É ele quem vai ajudar o Conde de Almaviva a se aproximar da donzela Rosina, sempre muito bem vigiada pelo seu tutor, o doutor Bartolo, seus criados e músicos.

    Nesta montagem, Papa explora o frenético vaivém dos personagens e destaca detalhes que costumam passar despercebidos em grandes montagens, como os 11 papéis usados ao longo da trama.

    "São certificados, listas de compras, cartas românticas que circulam o tempo todo", diz ele.

    Como a companhia não usa orquestra, mas sim um grupo de cinco músicos (piano, violino, violoncelo, flauta e percussão), eles também interagem como atores, interpretando músicos que se deixam subornar cada hora por um lado diferente.

    Para Papa, esse jogo permite que ópera ganhe ainda mais agilidade e se aproxime de uma linguagem mais atual, com um humor rápido e mais próximo, por exemplo, do estilo dos vídeos do canal "Porta dos Fundos" e do stand-up comedy.

    "As jovens plateias querem uma solução mais rápida, na medida da velocidade daquilo que estão acostumados a vivenciar no dia a dia", diz o encenador.

    O elenco é formado por profissionais. Vinicius Atique é Fígaro e Caio Duran, o Conde de Almaviva. Cantores vão se revezar nos papéis de Rosina, Dom Bartolo e Dom Basílio, na sexta e no sábado.

    Depois de São Paulo, a companhia viaja para Jaguariúna na próxima sexta (13), Votorantim (15), Itatiba (19), Lorena (21) e Cerquilho (28)

    O BARBEIRO DE SEVILHA
    QUANDO sex. (6) e sáb. (7), às 20h
    ONDE Theatro São Pedro, r. Dr. Albuquerque Lins, 207, tel. (11) 3661-6600
    QUANTO grátis; retirar ingressos uma hora antes
    CLASSIFICAÇÃO 12 anos

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