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    Instinto animal e peles guiam coleções na semana de moda de Paris

    PEDRO DINIZ
    ENVIADO ESPECIAL A PARIS

    07/03/2015 02h23

    Os bichos estão à solta em Paris. Após vários anos sob o manto sintético da moda ecologicamente correta, fashionistas e grifes tiraram as máscaras do bom-mocismo para investir em peles, muitas peles no próximo inverno.

    Quase num instinto animal, para citar o mote do desfile da grife Christian Dior nesta semana de moda de Paris, as ruas e as passarelas estão repletas de peles e de couro.

    "É tão luxuoso, tão vivo", se contorce uma fashionista quando uma pele de raposa molhada num degradê verde cruzou a passarela de Raf Simons, estilista da Dior, na sexta (6). Simons também evoca o espírito animalesco ao recriar as estampas de bicho.

    François Guillot/AFP
    Modelo desfila criação de Christian Dior na semana de moda de Paris
    Modelo desfila criação de Christian Dior na semana de moda de Paris

    Em vez de apenas imprimi-las, ele reproduz os desenhos que esses "prints" fazem nos corpos dos animais para brincar com novas proporções e um jogo de cores adocicadas, como rosa, verde e azul aplicados em vestidos e botas.

    "Eu queria uma sobrecarga sensorial, com essa animalesca mulher sexual vestindo um novo tipo de camuflagem", diz o estilista.

    Não há sinal do camuflado básico, aquele de folhagem seca típica da roupa de guerra. Simons cria peças com texturas brilhantes, semelhantes às escamas dos peixes.

    Pouco antes do desfile da Dior, o cipriota Hussein Chalayan promoveu uma viagem a picos montanhosos e frios. Parkas e macacões desconstruídos compunham uma coleção cheia de tons neutros.

    Mais discreto, o estilista Alessandro dell'Acqua também enveredou pelo mundo animal ao colocar em detalhes de peças da grife Rochas a pele de mink, uma das mais nobres e caras do mundo –um casaco desse animal, com a etiqueta Alberta Ferretti, não sai por menos de R$ 60 mil.

    Na passarela da Rochas, a releitura de vestidos da década de 1930 pareceria datada se não fossem os tecidos tecnológicos e as transparências usadas por dell'Acqua.

    Não satisfeito com os minks, ele ainda imprimiu pássaros nas peças, reverenciando uma criação de Marcel Rochas de 1934.

    Por outro lado, a grife Issey Miyake talvez seja boa opção para quem não se rende à matança de animais. Em sua coleção mais técnica, explora um tecido tridimensional para criar enormes casacos que parecem saltar do corpo.

    As peças parecem ter sido feitas com uma pele de animal bruto, uma carcaça de tons vivos que só a tecnologia têxtil pode proporcionar.

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