A semana passada não foi fácil para a família Huck. Começou com Luciano sofrendo um bombardeio por causa da camiseta infantil "Vem Ni Mim que Eu Tô Facin" vendida em seu site.
E terminou com Angélica sendo impedida de gravar uma matéria numa universidade carioca. A apresentadora deixou o local sob os apupos de alguns estudantes, que gritavam "O povo não é bobo, abaixo a Rede Globo".
O entrevero já foi chato o suficiente, mas ainda gerou um subproduto. O tribunal da internet logo reparou que Angélica saiu da UniRio protegida por uma sombrinha segurada por uma moça negra.
Reprodução/YouTube/luizleblon az | ||
Angélica e equipe de produção são expulsos da Universidade Unirio |
A cena "digna de Debret" incomodou muita gente (inclusive o colunista Luiz Fernando Vianna, que assinou um texto a respeito na Folha - pág. A2 de 9/3).
Então não tem mão para segurar a própria sombrinha? Precisa de escrava para isto? Estamos de volta ao século 19? Ai, gente, que preguiça.
A falta de conhecimento sobre uma equipe de gravação, aliada à vontade de esculachar qualquer celebridade por qualquer coisa, acabou gerando uma caça às bruxas onde elas não existem.
Atrizes e apresentadoras não podem suar quando gravam externas, e muito menos se molhar. A maquiagem escorre, o figurino se estraga, e o menor atraso custa tempo e dinheiro. Quando o orçamento da produção permite, existem assistentes que seguram sombrinhas para proteger não só as estrelas, como também o diretor e até mesmo equipamentos.
Ou seja: aquela moça que segurava a sombrinha não é uma escrava, nem a mucama pessoal de Angélica. É uma assistente de produção, que está sendo paga pela emissora por seu trabalho.
"Mas é um trabalho humilhante!", exclamarão alguns. Que certamente nunca passaram perto de um set de filmagem, em que a equipe se desdobra entre dezenas de micos que precisam ser pagos.
Só que o contexto não importa, não é mesmo?
O que interessa é que uma mulher branca, rica e famosa foi vista caminhando debaixo de uma sombrinha segurada por outra mulher, esta negra, anônima e provavelmente pobre.
O fato de serem profissionais não vem ao caso. Parecem escrava e sinhazinha, e isto já basta para nos divertirmos com nosso precipitado moralismo virtual.