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    Familiares criticam musical sobre a história do Charlie Brown Jr.

    GIULIANA DE TOLEDO
    GABRIELA SÁ PESSOA
    DE SÃO PAULO

    13/03/2015 02h15

    Uma semana após a morte do cantor Chorão completar dois anos, estreia nesta sexta (13), em São Paulo, um musical biográfico sobre a banda Charlie Brown Jr. "Dias de Luta, Dias de Glória" tem o intuito de contar a história do grupo de rock de Santos.

    A maneira com que o espetáculo vai narrar essa trajetória, no entanto, já é contestada, antes mesmo da estreia, por parte da família dos músicos Chorão e Champignon, ambos mortos em 2013.

    Os principais pontos de discórdia estão na vida amorosa de Chorão. Familiares dos músicos dizem não ter podido colaborar com o roteiro.

    Apu Gomes/Folhapress
    O ator DZE6 em cena de ensaio do espetáculo 'Dias de Luta, Dias de Gloria', sobre a banda Charlie Brown Jr.
    O ator DZE6 em cena de ensaio do espetáculo 'Dias de Luta, Dias de Gloria', sobre o Charlie Brown Jr.

    Thais Lima, primeira mulher do vocalista e mãe de seu filho, Alexandre –24 anos, que autorizou a realização do musical–, é personagem da peça.

    Vivida pela atriz Carolina Oliveira, a personagem divide as atenções da trama com Chorão (o cantor DZ6, com muita semelhança na voz e nos trejeitos), o baixista Champignon e Gabriela.

    A última é uma personagem fictícia, que "representa todas as mulheres que passaram pela vida de Chorão depois da fama", conforme Bruno Sorrentino, diretor da obra, disse à imprensa em uma entrevista coletiva.

    O nome Gabriela lembra o de Graziela Gonçalves, que foi casada com Chorão por 15 anos, até meses antes da morte, causada por overdose de cocaína, segundo a polícia.

    A produção diz que Graziela não virou personagem porque, ao ser procurada, declarou que só seria representada se recebesse remuneração, o que não seria possível por falta de recursos. Graziela nega ser esse o motivo.

    "Não autorizei o uso de meus dados biográficos e da minha vida íntima com Chorão por não concordar com a forma distorcida e rasa com que fui retratada no texto", diz ela à Folha. "Caso seja o mesmo texto que me foi enviado para aprovação, terei que procurar a Justiça."

    Ela diz que foi contatada há cerca de duas semanas, "após o espetáculo estar montado e com estreia marcada".

    Maria Duarte, mãe de Champignon, afirma ser "totalmente contra" o musical. "Estou indignada. Até agora, ninguém me procurou para falar do meu filho, qual era a parte dele nessa história", diz ela, que conta que ficou sabendo da peça "pelo 'Fantástico'" há duas semanas.

    "Quem gostava de Charlie Brown tem que boicotar essa peça, já que se trata de mentira", diz Ricardo Abrão, irmão de Chorão, que conta também não ter sido consultado.

    Segundo Abrão, sua mãe também não foi procurada. Diz que soube do musical por um amigo, procurou Sorrentino para saber mais e foi ignorado –à Folha, Sorrentino diz que tentou "uma comunicação cordial" com ele.

    Em vídeos que publicou na internet, Abrão questiona o destaque da ex-cunhada Thais, que teria traído Chorão. "Graziela é a verdadeira mulher do meu irmão."

    Procurados pela reportagem por meio de seus representantes, Thais e Alexandre não quiseram falar.

    *

    TRETA À VISTA
    Veja os pontos controversos do musical

    CHAMPIGNON NÃO AUTORIZADO
    O baixista, que se suicidou em 2013, é vivido pelo ator Júlio Oliveira. A mãe do músico, Maria Duarte, diz não ter sido procurada pela produção da peça e que desconhece como a história do filho será mostrada no palco

    MULHER GENÉRICA
    O musical tem a personagem fictícia Gabriela, que, nas palavras do diretor Bruno Sorrentino, "representa todas as mulheres que passaram pela vida de Chorão após a fama".
    A interpretação é da cantora Patrícia Coelho

    SEGUNDO CASAMENTO
    A segunda mulher, Graziela Gonçalves, não é mostrada na peça. Ela não autorizou ser representada -por não concordar com o texto, segundo conta. A produção diz que não houve acordo por motivos financeiros

    PRIMEIRO CASAMENTO
    Carolina Oliveira vive Thais Lima, 1ª mulher de Chorão e mãe de seu filho, Alexandre. Ricardo, irmão de Chorão, questiona o destaque dado a ela na peça, em detrimento da segunda mulher, Graziela Gonçalves

    *

    DIAS DE LUTA, DIAS DE GLÓRIA
    QUANDO estreia nesta sexta (13); sex., às 21h30; sáb., às 21h; dom., às 16h e 19h30; até 12/7
    ONDE Teatro Gamaro, r. Dr. Almeida Lima, 1.176, Mooca, tel. (11) 2872-1457
    QUANTO de R$ 70 a R$ 150
    CLASSIFICAÇÃO 12 anos

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