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    Porta dos Fundos chega a Portugal e negocia entrada nos EUA, Inglaterra e América Latina

    KEILA JIMENEZ
    COLUNISTA DA FOLHA

    15/03/2015 02h00

    Em fevereiro, a Fox portuguesa estreou uma compilação de esquetes do Porta dos Fundos, publicados originalmente na internet. O "coletivo" de humor, como chamam os lusitanos, levou o canal ao terceiro lugar em ibope no horário, com um aumento de 73% na audiência.

    Estava aberto o portão de embarque internacional para o grupo de comédia brasileiro, nascido na web em 2012.

    Os vídeos semanais foram os filhotes do que é hoje uma produtora de conteúdo das grandes. Os cinco sócios iniciais da "brincadeira" –Fábio Porchat, Antonio Pedro Tabet, Gregório Duvivier, Ian SBF e João Vicente de Castro, que largaram seus empregos para gravar vídeos que faziam os amigos rirem– trabalham agora com uma equipe de quase 50 pessoas.

    Cecilia Acioli/Folhapress
    Elenco do Porta dos Fundos, na sede do grupo em Laranjeiras
    Elenco do Porta dos Fundos, na sede do grupo em Laranjeiras

    O prédio do Porta, em Laranjeiras, no Rio, está pequeno para tanta gente e projetos. São filmes, séries, novos canais na web, programas para TV e sites no exterior, uma peça de teatro, uma animação, um "talk show", um reality e licenciamentos de produtos.

    "A gente pode fazer tudo? Pode. Pode não dar certo? Pode", diz Ian SBF, e um dos criadores do grupo. "Mas nascemos arriscando. Não sabemos o que acontecerá, mas empresa que não cresce, morre."

    Nessa toada, o Porta se tornou um polvo, com tentáculos em várias plataformas. A cabeça do molusco empresarial é argentina: Juliana Algañaraz (ex-Endemol), que virou sócia e CEO do coletivo no segundo semestre de 2014.

    "Estávamos tentando cuidar do negócio e da parte criativa do grupo. Como eu ia me concentrar na direção dos vídeos se tinha que comprar papel higiênico e cortinas para a empresa?", diz Ian. "A Juliana veio para organizar. Passamos a delegar, dividir melhor as funções."

    Acreditando na força do humor universal, o Porta sonha em ser uma espécie de Monty Python brasileiro. É por isso que, depois de tanto assédio da TV aberta (a Globo chegou a tentar contratá-los), o grupo se acertou com a gigante mundial Fox em 2014. Era o passaporte com visto internacional.

    Agora, as novidades do pacote exportação começam por um programa inédito para a emissora aberta portuguesa SIC, que disputa liderança de audiência no país.

    O grupo também deve entrar em breve na Fox em países da América Latina. De olho nisso, planeja criar produtos especialmente para o mercado hispânico e americano.

    Com o México, o coletivo negocia um pacote de vídeos. Com uma TV de Londres e um site americano, esquetes em inglês. A trupe ainda está abrindo uma empresa de licenciamento de produtos, que lançará mochilas, óculos e cadernos da marca.

    "Contratamos uma empresa de primeira linha para legendar os vídeos em inglês e espanhol", conta Juliana.

    "Sempre sonhamos em chegar em outros países, mas o conteúdo tem de fazer sentido. Temos de dar risada de nossas piadas. Essa é a coerência que nos guia e espero que ela seja mantida", comenta Ian. "Não é demagogia. É estratégia. E está dando certo."

    Em 2014, apenas 25% da receita do Porta veio da internet. Para 2015, o grupo pretende faturar cerca de R$ 35 milhões só com essa modalidade e, com tantos outros projetos, Juliana Algañaraz calcula que só 8% da receita virá da web. "O resto será fruto da TV paga, cinema, produtos e projetos internacionais." Do pouco que ela diz, pode-se deduzir que o Porta espera arrecadar mais de R$ 350 milhões neste ano.

    PORTA ADENTRO

    No Brasil, o grupo vai lançar dois longas-metragens: um no cinema, no segundo semestre, e outro mais adiante, sem data definida, só na internet.

    Além disso, está produzindo uma série inédita para a Fox e ensaiando uma peça de teatro, baseada no humor de improviso. Os ensaios da peça devem virar vídeos no YouTube.

    O grupo também pretende fazer uma animação para a TV e um reality para web, mostrando a caça por novos talentos para a empresa.

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