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    Fabio Assunção dirige conto de amor com final infeliz

    IARA BIDERMAN
    DE SÃO PAULO

    20/03/2015 02h40

    Fabio Assunção, 43, está afônico.

    A pouco mais de uma semana para a estreia de "Dias de Vinho e Rosas", seu segundo trabalho como diretor, ele conversa com a reportagem por telefone, enquanto vai de táxi até os estúdios da TV Globo para as gravações da quinta e última temporada do seriado "Tapas & Beijos".

    "Gravo duas cenas, volto às 19h para São Paulo, e vamos ensaiar. A montagem do cenário levantou muito pó, fiquei completamente afônico, nem sei como vou gravar. Mas adoro trabalhar assim."

    Assim quer dizer: além do seriado e da peça, ele se prepara para viver o protagonista da nova novela das 19h, na mesma rede de TV, e para o lançamento de "Meu Mundo Quebrado", filme dirigido por José Eduardo Belmonte, em que o ator contracena com o filho João, 12.

    Lenise Pinheiro/Folhapress
    O ator Fabio Assunção no cenário de "Dias de Vinho e Rosas"
    O ator Fabio Assunção no cenário de "Dias de Vinho e Rosas"

    No momento, sua atenção está voltada para a peça, que estreia nesta sexta (20), no Viga Espaço Cênico, em São Paulo, cidade onde o ator-diretor mora há dez anos.

    O espaço alternativo e intimista (74 lugares) em galpão restaurado no bairro de Pinheiros provocou muita coisa no diretor –fora a rouquidão.

    "Claro que a gente também gosta de teatros grandes, mas o Viga é bem especial, tem essa coisa de galpão que foi uma influência muito grande na montagem, na cenografia do Fabinho [Fabio Namatame, que também criou o figurino] e na luz do Caetano Vilela."

    As nove cenas da peça, espalhadas em nove anos da vida de um casal, sucedem-se sem que os atores saiam do palco. Não há coxias. Eles trocam de roupa e mudam o cenário às vistas do público.

    "Não é preciso fazer mistério onde não tem, é interessante ver os atores se arrumando. Tivemos essa ideia e fomos fazendo dar certo. É puxadão, porque os intervalos também viram cenas, mas os atores têm fôlego."

    Há uma espécie de cumplicidade de classe entre os atores-protagonistas de "Dias de Vinho" e os atores-diretores da peça. Assim como Fabio, a assistente de direção, Clara Carvalho, também é atriz. E foi ela quem traduziu o texto. "É quase um grupo de autoajuda", brinca Clara.

    A obra original foi escrita por J.P. Miller para um episódio da série de TV americana "Playhouse 90" (1956-61), e, em 1962, adaptada para o cinema ("Vício Maldito", dirigido por Blake Edwards, de "A Pantera Cor-de-Rosa", com Jack Lemmon e Lee Remick).

    Quase 50 anos depois, o irlandês Owen McCafferty adaptou o roteiro para teatro. Seu texto é a base da montagem brasileira.

    É uma história de "amor e desacerto", segundo Clara. Um casal irlandês que se conhece e se apaixona na sala de embarque do aeroporto quando ambos estão de mudança para a cidade grande (Londres).

    O romance vai se desintegrando conforme aumenta a dureza do cotidiano, a incompreensão mútua, a loucura das apostas de cavalo e o abuso de bebidas dos protagonistas, interpretados por Carolina Mânica e Daniel Alvim.

    Foi Carolina quem comprou os direitos da peça, após ver uma montagem em Portugal. "Pensei no Fabio por ser um diretor que gosta desse tipo de peça, densa e com poucos atores ", diz Carolina.

    Fabio retribui, dizendo ter ficado "amarradão" no texto. Mas conta também que cortou muita coisa do original.

    Os cortes tiveram, entre outras coisas, o intuito de não demonizar nem colocar a culpa da ruína do relacionamento do casal no alcoolismo (o "vício maldito" do título em português do filme).

    "Como diretor, não posso assinar embaixo de julgamentos morais, não quero condenar os personagens. O que é para discutir no texto é esse desgaste do cotidiano que causa a implosão do amor."

    dias de vinho e rosas

    quando estreia sex. (20). Sex., às 21h3; sáb., às 21h e dom., às 19h

    onde Teatro Espaço Viga, r. Capote Valente, 1323, tel. (11) 3801-1843

    quanto R$ 30 e R$ 40

    classificação 14 anos

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