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    Exposição na Casa Daros reúne nomes consagrados da arte brasileira

    LUIZA FRANCO
    DO RIO

    23/03/2015 12h12

    A exposição "Made In Brasil", na Casa Daros, no Rio, teve início na sexta-feira (20) com a proposta de exibir algumas das peças-chave de nomes consagrados das artes plásticas no Brasil: Antonio Dias, Cildo Meireles, Ernesto Neto, José Damasceno, Miguel Rio Branco, Milton Machado, Vik Muniz e Waltercio Caldas.

    Quase todos eles estão entre os brasileiros que mais ganharam exposições desde 1987, segundo levantamento feito pelo Itaú Cultural em 2013 –Caldas é o primeiro colocado do ranking, Muniz é o terceiro, seguido por Meireles e Dias.

    "Made in Brasil", segundo os curadores, pode não ter surpresas nos nomes, mas se destaca pela seleção.

    "Escolhi obras que fizessem sentido entre elas e em si mesmas. Isso é o mais importante. Dentro do possível, tentamos reunir a poética de um artista", diz Hans-Michael Herzog, diretor artístico da casa que divide a curadoria dessa exposição com Katrin Steffen.

    Caldas tem 22 obras na exposição: um conjunto reunido pela primeira vez de seus livros-objeto. "Livros são objetos maiores por dentro do que por fora. Para um escultor, isso é um desafio muito interessante. [Há nessa seleção] uma história que os relaciona uns com os outros. Livros que foram feitos em épocas muito diferentes neste momento estão confrontando uns aos outros pela maneira como cada um trata questões variadas", comenta Caldas.

    A instalação "Missão/Missões (Como Construir Catedrais)" (1987), de Meireles, volta a ser exposta no Brasil pela primeira vez desde 1998. Em 2008, foi emprestada ao museu britânico Tate Modern para uma retrospectiva do artista.

    Em alusão às missões dos padres jesuítas no Paraguai, Argentina e no Sul do Brasil entre 1610 e 1767, utiliza 600 mil moedas, 500 hóstias e 2 mil ossos para compor um ambiente que remete à morte.

    Boa parte das obras dos artistas mais jovens - Neto, Muniz e Damasceno - nunca foi exibida no Brasil.

    De Antonio Dias, cuja obra costuma ter tom existencialista e irônico, há, por exemplo, a instalação "Todas as Cores dos Homens" (1995), espécies de tubos de ensaio fálicos feitos de vidro soprado e preenchidos com folha de ouro, vinho, malaquita, grafite, água mineral, gesso, fios e lâmpadas elétricas.

    De sua obra estão reunidos instalações, objetos e pinturas, que vão desde a década de 1960 aos anos 1990. "Eu trabalho com elementos diferentes. Isso sempre foi a minha marca, tudo muito fragmentado. Não acredito na ideia da peça única", diz Dias em depoimento em vídeo que faz parte da exposição.

    A Casa Daros foi inaugurada em 2013 para exibir as 1.200 obras da Coleção Daros Latinamerica, considerado um dos mais importantes acervos privados da Europa, com sede na Suíça. A lógica da coleção é adquirir obras que funcionem como pequenas sínteses do trabalho dos artistas. Dois anos depois, inicia esta que é a primeira exposição dedicada exclusivamente à arte brasileira.

    A coleção Daros tem 120 artistas, ao menos 17 deles brasileiros. A seleção de "Made in Brasil" atende a critérios práticos – outros artistas da coleção, como Mira Schendel, Mario Cravo Neto e Nelson Leirner serão apresentados em exposições temáticas a vir.

    Segundo os curadores, os artistas selecionados têm obras distintas demais para gerarem juntos uma imagem única. Sua vantagem, justamente, é ilustrar a extensão da produção brasileira nas últimas décadas.

    Diferente do que acontece nas coleções de outros países latinoamericanos, a coleção brasileira da Daros é composta principalmente de nomes consagrados. O último artista cuja obra a casa adquiriu foi Eduardo Berliner, e Herzog diz que não tem planos concretos, por ora, de agregar novos nomes.

    Ricardo Borges/Folhapress
    Obras da exposição 'Made In Brasil', na Casa Daros, no Rio de Janeiro
    Obras da exposição 'Made In Brasil', na Casa Daros, no Rio de Janeiro

    MADE IN BRASIL

    QUANDO até 9 de agosto

    ONDE Casa Daros, Rua General Severiano, 159, Rio 21 2138-0850

    QUANTO R$14 e entrada gratuita às quartas feiras

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