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    Festival de Curitiba começa com programação reduzida

    GUSTAVO FIORATTI
    COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

    24/03/2015 02h45

    O 24º Festival de Teatro de Curitiba começa nesta terça -feira(24) e prossegue até 5/4 com um corte de 17% no tamanho de sua programação oficial. Contra os 35 espetáculos apresentados no ano passado, neste ano serão 29.

    Permanece como norte da curadoria, contudo, a tradicional "vitrine da produção brasileira", com reflexos em questões formais e temáticas.

    A busca pela identidade está em "Selfie", com Mateus Solano, e em "Nômades", com Andréa Beltrão. Situações políticas são exploradas por "Abnegação 2 – o Começo do Fim", da companhia Tablado de Arruar, e em "A House in Asia", espetáculo espanhol sobre terrorismo (leia abaixo).

    Houve abertura crescente para a inserção de peças internacionais nos últimos três anos, mas o número desses espetáculos caiu de cinco, na edição passada, para quatro nesta. Os estrangeiros, trazidos em parceria com o Sesc, são encenados também em São Paulo. Neste ano, só o dinamarquês "Double Rite" não vai à capital paulista.

    Por trás desse cenário está um decréscimo no aporte de patrocinadores. Acompanhando a crise da economia, o orçamento foi reduzido de R$ 8 mi, em 2013, para R$ 6,5 mi em 2014, mesmo valor de 2015. Assim, o evento não patrocina montagens próprias, ideia que havia ganhado força na edição de 2013.

    Torna-se iminente a questão: Curitiba permaneceu atraente para os públicos paulista e carioca? Segundo pesquisas da prefeitura da capital paranaense nos últimos três anos, cerca de 9% do público do festival não mora na cidade.

    O diretor da mostra, Leandro Knopfholz, insiste na importância de atingir outras praças, mas o curador Celso Curi, que divide a função com Tânia Brandão e Lúcia Camargo, assume que o festival hoje é voltado para a própria Curitiba. "Seguimos a tendência de atender ao público local. Buscamos repercussão no país, mas não efetivamente o público nacional", diz.

    Nem sempre foi assim. "No início, numa época em que a circulação teatral era mais restrita, Curitiba oferecia oportunidade imperdível para ver grandes companhias", afirma o dramaturgo e crítico de teatro Lucianno Maza.

    "Como o festival aposta em peças que fizeram sucesso no Rio e em São Paulo, para cariocas e paulistanos o que mais vale hoje são atrações internacionais e a caça-ao-tesouro do Fringe", diz, referindo-se à mostra paralela, que neste ano reúne 393 produções.

    Para o dramaturgo curitibano Diego Fortes, falta um burburinho: "Não vejo a mostra gerando discussões sobre o que é apresentado". Outro ponto, diz a crítica Luciana Eastwood Romagnolli, "é não existir o hábito do turismo cultural no país, salvo para musicais decupados da Broadway".

    Veja fotos e mais textos sobre o festival no site folha.com/ilustrada

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