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    Escritor Hélio Pólvora morre aos 86

    DE SÃO PAULO

    26/03/2015 14h00

    O jornalista, crítico literário e escritor Hélio Pólvora, celebrado por livros de contos como "Os Galos da Aurora" (1958) e "Estranhos e Assustados" (1966), morreu na madrugada desta quinta (26), em Salvador (BA), onde morava.

    O escritor lutava havia mais de um ano contra um câncer de pulmão e sucumbiu a uma parada cardiorrespiratória. Seu corpo será cremado na tarde desta quinta, no cemitério Jardim da Saudade, na capital baiana.

    Edson Ruiz / Folhapress
    O jornalista e escritor Hélio Pólvora em sua casa, em Salvador, em 2011
    O jornalista e escritor Hélio Pólvora em sua casa, em Salvador, em 2011

    Ocupante desde 1994 da cadeira 29 da Academia de Letras da Bahia, Pólvora nasceu em Itabuna (BA), em 1928, e mudou-se para o Rio em 1953, onde viveu por 30 anos. Nos anos 1980, voltou ao Estado natal, estabelecendo-se em Salvador em 1990.

    Como jornalista e crítico literário, trabalhou em diversos veículos, como "Jornal do Brasil", "Veja", "Correio Braziliense" e "A Tarde" –neste último, vinha atuando como editorialista e colunista.

    A estreia na literatura foi em 1958, com os contos de "Os Galos da Aurora", vencedor de prêmio do "Jornal do Commercio". Naquele ano, o escritor Adonias Filho (1915-1990) profetizou, em artigo elogioso, que o contista "chegaria logo ao romance".

    ESTREIA TARDIA
    Nos anos seguintes seus contos lhe renderiam diversos prêmios, como os da Bienal Nestlé de Literatura de 1982 e 1986, mas a estreia em romance ocorreria apenas 52 anos depois, em 2010, com "Inúteis Luas Obscenas", trama rural marcada por desejo, culpa e violência.

    Com isso, viu-se, aos 82 anos e com mais de 20 livros publicados, concorrendo na categoria estreante do Prêmio SP de Literatura, que premia apenas romances –o vencedor foi "Método Prático da Guerrilha", de Marcelo Ferroni.

    À Folha, em 2011, o autor disse que demorou a escrever romance por ser "fiel ao conto, apaixonado demais por ele". Desde os anos 1970, porém, ensaiava narrativas longas, sem aprovar os resultados. "Inúteis Luas Obscenas", publicado pela editora independente Casarão do Verbo, lhe tomou cerca de cinco anos de escrita.

    Sobre o tempo dedicado tardiamente a romances –em 2011, publicou "Don Solidon"–, Pólvora argumentava que "a velhice tem suas vantagens também. Tenho tempo de sobra e ainda estou na Bahia, que é altamente contemplativa".

    Com contos traduzidos para vários idiomas, o autor foi escolhido, meses atrás, como homenageado do 5º Festival Nacional do Conto, de 20 a 24 de maio, em Florianópolis.

    Hélio Pólvora deixa mulher, Maria, e três filhos, Hélio, Raquel e Fernanda.

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