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    Obra de Waltercio Caldas no Rio de Janeiro pode ser demolida

    SILAS MARTÍ
    NO RIO

    27/03/2015 02h40

    Uma das obras de arte pública mais marcantes na paisagem carioca, a "Escultura para o Rio", de Waltercio Caldas, pode ser destruída para dar passagem aos trilhos de um novo trem de superfície que está sendo implantado na capital fluminense.

    São duas colunas de concreto revestidas de pedras portuguesas que chegam a nove metros de altura num cruzamento da avenida Presidente Antônio Carlos, no centro do Rio.

    Já em construção, uma linha do novo Veículo Leve sobre Trilhos, ou VLT, que vai ligar o centro da cidade à zona portuária, deve passar pelo ponto onde está a escultura, exigindo a remoção da obra criada a pedido da própria Prefeitura do Rio em 1996.

    "Pensaram num trajeto para não derrubar árvores nem passar por cima do jardim do Burle Marx, mas não entendi qual critério ambíguo permite passar por cima da escultura", diz Caldas. "Já me deram como um fato que não há recurso, que vão destruir."

    Segundo o gabinete do prefeito Eduardo Paes, do PMDB, não há ainda uma decisão definitiva sobre a destruição ou remoção da escultura para a passagem dos trilhos e uma reunião foi marcada com o artista para discutir alternativas possíveis.

    Mas Caldas afirma que não seria tão simples mudar a obra de lugar. A estrutura pesa 27 toneladas e tem fundações três metros abaixo do nível da rua para sustentar a carga. Além disso, ela foi pensada para aquele lugar específico do Rio e sua mudança, segundo o artista, destruiria o conceito por trás do trabalho.

    "Minha matéria-prima nessa obra foi algo típico do Rio. As pedras portuguesas são como a pele da cidade", diz Caldas. "Interessava o fato de esse ser um lugar sem nenhum tipo de circunstância arquitetônica. São colunas que apontam para o céu. Queria dar ênfase a um acontecimento e não a um objeto. Não quis fazer um adereço, um adorno."

    Encomendada nos anos 1990, a obra integra uma série de esculturas contemporâneas espalhadas pela cidade. Participaram do projeto, idealizado então pela secretaria carioca da Cultura, os artistas Amilcar de Castro, Franz Weissmann, Ivens Machado, José Resende, entre outros.

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