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    Tomas Tranströmer, Nobel de Literatura, morre aos 83

    DE SÃO PAULO

    27/03/2015 13h13 - Atualizado às 17h52

    O poeta sueco Tomas Tranströmer, vencedor do Nobel de Literatura em 2011, morreu nesta quinta-feira (26), aos 83 anos, vítima de um mal súbito.

    Em 1990, Tranströmer sofreu um derrame que afetou sua fala e parte dos movimentos, mas continuou escrevendo e publicando poemas.

    Reuters
    O poeta Tomas Tranströmer posa para foto em sua residência em Estocolmo, em 2011
    O poeta Tomas Tranströmer posa para foto em sua residência em Estocolmo, em 2011

    Autor de mais de 20 livros, ele já foi traduzido em quase 60 idiomas. No Brasil, seus poemas serão lançados pela primeira vez ainda neste ano, pela Companhia das Letras. O título e a data de lançamento ainda não foram definidos.

    Tranströmer nasceu em 15 de abril de 1931, em Estolcomo. Foi criado apenas por sua mãe, após o pai ter abandonado a família.

    Na adolescência, começou a manifestar interesse interesse por música, especialmente o piano, e literatura.

    Publicou seus primeiros poemas em revistas estudantis, nos anos 1940. O primeiro livro, "17 Dikter" (17 poemas), saiu em 1954, quando tinha 23 anos.

    O escritor se graduou em psicologia dois anos depois. Teve uma importante atuação na Suécia ao trabalhar com jovens infratores e dependentes químicos.

    No final dos anos 1950, Tranströmer já era considerado o principal poeta de sua geração. Os críticos literários destacavam suas metáforas originais e agudas, a dicção natural, o rigor e a musicalidade de seus versos.

    Nos anos seguintes, sua poesia seria reconhecida por um caráter metafísico, ao focar os mistérios da existência, a relação entre natureza e cosmo, a ideia da morte.

    Para Enaiê Mairê Azambuja, a tradutora da edição programada pela Companhia das Letras, a força da poesia do sueco está na capacidade de autopercepção.

    "É por meio de fatos simples e cotidianos, feitos de pequenos instantes, que Tranströmer alimenta o que, para mim, é realização essencial da poesia: o encontro natural com a nossa própria existência, sem explicar como ela se dá, mas apenas sugerindo-a", diz a tradutora.

    A Academia Sueca, instituição que outorga o Nobel, afirmou em 2011 ter dado o Nobel a Tranströmer "porque, por meio de suas imagens translúcidas, ele nos dá um acesso novo à realidade".

    "A maior parte da obra poética de Tranströmer está caracterizada pela economia, de concreção e de metáforas expressivas", disse a academia na ocasião. Em suas últimas obras, "tende a um formato ainda mais reduzido e a um grau ainda maior de concentração", completou.

    Em texto publicado na Folha em 2011, o poeta Sérgio Alcides destacou que os versos do sueco abordam instantes ou situações imprevistos, em que tudo pode desandar.

    "São pequenos episódios de ruptura da normalidade, que ganham uma importância grande, do ponto de vista de um indivíduo. A partir deles, consegue relativizar a força com que a realidade pragmática e desencantada se impõe a cada um", escreveu.

    Após o AVC que comprometeu sua fala e os movimentos do lado direito do corpo, a escrita de Tranströmer tornou-se mais lenta, mas persistiu. Publicou, por exemplo, uma curta autobiografia "Minnena Ser Mig" (As memórias me contemplam), cuja maior parte já havia sido escrita antes do AVC, e um livro de haicais, "Sorgegondolen" (Gôndola triste, de 1996).

    Ela deixa mulher, Monica Bladh, e duas filhas.

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