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    Principal atração do festival, Robert Plant diz que vai cantar Led Zeppelin

    THALES DE MENEZES
    EDITOR-ASSISTENTE DA "ILUSTRADA"

    28/03/2015 02h00

    Além de ser a banda que mais vendeu discos nos anos 1970, o Led Zeppelin ajudou a forjar tudo aquilo que depois foi rotulado de "rock pesado".

    O peso do som do quarteto inglês era tão impactante na época que foi chamado de "o martelo dos deuses", algo tão poderoso que não poderia ter sido feito na Terra.

    Ivo Gonzalez/UOL
    O cantor Robert Plant, durante show no City Bank Hall, no Rio de Janeiro
    O cantor Robert Plant, durante show no City Bank Hall, no Rio de Janeiro

    Sendo assim, Robert Plant é o deus loiro do metal. Cantando à frente do Led Zeppelin, criou clássicos do rock que perduram até hoje entre os maiores do gênero.

    E Plant parece ser um deus benevolente. Neste sábado (28), às 18h20, quando subir ao palco do festival Lollapalooza Brasil, em Interlagos, atenderá aos anseios dos fãs com músicas do Led Zeppelin.

    "São canções que eu escrevi com Jimmy [Page, guitarrista da banda]. Sinto que são minhas. Em algumas eu não reconheço mais o propósito que tive naquela época, então essas eu não canto mais", diz Plant por telefone à Folha.

    Nas apresentações que fez nesta semana em outras capitais brasileiras, ele cantou oito músicas da antiga banda: "No Quarter", "Black Dog", "Going to California", "What Is and What Should Never Be", "Nobody's Fault But Mine", "Lemon Song", "Whole Lotta Love" e "Rock and Roll".

    "Claro que poderia fazer shows só com as músicas de meus discos, mas sei que as pessoas que aparecem nos shows são fãs do Led Zeppelin. Gosto de criar uma atmosfera mágica a cada noite, quero dar prazer às pessoas."

    Plant comenta que alguns artistas partem para carreira solo e não querem saber mais das canções antigas. "E outros não fazem nada de novo, só tocam as velharias", diz, rindo. "Eu estou numa jornada diferente dessas."

    CARREIRA SOLO

    Aos 66 anos, o inglês realmente poderia abrir mão do repertório do Led Zeppelin. Continua ativo na estrada e nos estúdios. Já gravou dez álbuns solo, alguns ao vivo e outros projetos, entre eles dois discos com Jimmy Page.

    O último trabalho de estúdio, "Lullaby and... The Ceaseless Roar", lançado no ano passado, é, como sempre, diferente dos anteriores. Tem rock, blues, folk celta e, aqui e ali, pitadas de sons africanos. Resultado do mergulho de Plant em world music nas últimas décadas.

    "Fazer discos diferentes não é uma proposta para mim, é um resultado natural. Eu mudo, o mundo muda, então minhas canções também mudam", conta o cantor.

    Plant acha graça de fãs que escutam seus álbuns procurado "ecos" do Zeppelin. "Eles ficam pensando que tal música é 'parente' de 'No Quarter', que aquela outra tem ligação com 'All My Loving'. Acho engraçado e não posso impedir esse tipo de coisa."

    Mas eles estão certos? Existem essas ligações? "Sim e não! Claro que sim e claro que não! São todas minhas canções, devem existir muitas repetições de letras e frases musicais. Mas não penso sobre isso, nem antes nem depois de escrever novas canções", afirma Plant.

    A banda que o acompanha tem velhos amigos de estrada: Justin Adams e Liam Tyson (guitarras), John Baggott (teclados), Billy Fuller (baixo), Dave Smith (bateria) e Juldeh Camara, que toca instrumentos africanos como o ritti, espécie de violino de uma corda só.

    Eles tocam sob o nome The Sensational Space Shifters, mas, com exceção da troca do baterista e da inclusão de Juldeh Camara, é a mesma banda que o acompanhava na metade da década passada com o nome Strange Sensation.

    "É só um nome. Você pode ter as mesmas pessoas e um clima totalmente novo. Esses são alguns dos caras mais incríveis que já conheci, que foram comigo a lugares que nunca pensaram em conhecer." Ele acrescenta: "E escolher nome de banda é uma das coisas divertidas do negócio".

    LED ZEPPELIN

    Sobre a pergunta que nunca vai calar diante dele, Plant mantém o tom bem-humorado e dá mais uma prova de que lida tranquilamente com o legado da maior banda pesada de todos os tempos.

    "Todos querem a volta do Led Zeppelin, isso às vezes me espanta. Nós já fizemos algumas pequenas reuniões, mas todas surgiram quando não pensávamos nisso."

    Ele se refere a estas ocasiões em que ele, Page e o baixista John Paul Jones tocaram juntos depois do fim da banda: o show beneficente Live Aid (1985), a festa de 40 anos da gravadora Atlantic (1988), a cerimônia da entrada do grupo no Rock and Roll Hall of Fame (1995) e um show em Londres, na O2 Arena (2007).

    Em quase todos esses eventos quem tocou bateria foi Jason Bonham, filho do baterista original do Zeppelin, John Bonham, morto de overdose alcoólica em 1980.

    "Nunca penso na volta do Led Zeppelin, provavelmente porque não parei de trabalhar depois que a banda se desmanchou. Quando encontro os outros, podemos começar a tocar antigos blues, coisa do Zeppelin, música nova, qualquer coisa. Eu nunca paro de fazer música, mas não é Led Zeppelin de novo."

    Além de seus discos solo, Plant trabalhou junto com Page nas últimas décadas, excursionado e lançando dois álbuns: "No Quarter (Unledded)" (1994) e "Walking into Clarksdale" (1998).

    As versões remasterizadas e com bônus dos discos do Led Zeppelin que Jimmy Page lançou no ano passado estão nas lojas, junto com "Lullaby and... The Ceaseless Roar". Há uma competição entre o Plant dos anos 1970 e o Plant de 2014?

    "Sinceramente", diz Plant, rindo, "eu espero que não".

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