• Ilustrada

    Saturday, 04-May-2024 14:30:03 -03

    Diretor de filme inspirado em Strauss-Kahn diz que foi censurado nos EUA

    GIULIANA VALLONE
    DE NOVA YORK

    28/03/2015 23h05

    "Bem-Vindo a Nova York", longa inspirado em um episódio de assédio envolvendo o ex-diretor do FMI, Dominique Strauss-Kahn, gerou polêmica desde sua exibição no Festival de Cannes de 2014 e é alvo, inclusive, de um processo do próprio DSK.

    Mas, em sua estreia nos Estados Unidos, os problemas em torno do filme são outros. O diretor norte-americano Abel Ferrara ("Vício Frenético") reclama de censura e diz que a produtora responsável pelo filme, a Wild Bunch, editou seu filme sem consultá-lo.

    No longa, Gérard Depardieu vive Deveraux, um predador sexual. O executivo passa boa parte do filme em hotéis luxuosos, transando com prostitutas em orgias regadas a conhaque, sorvete e Viagra.

    Divulgação
    O ator Gerard Dépardieu em cena de "Bem-Vindo a Nova York", de Abel Ferrara
    O ator Gerard Dépardieu em cena de "Bem-Vindo a Nova York", de Abel Ferrara

    Numa das cenas, ele é acusado de estuprar a funcionária de um hotel, sepultando suas aspirações por concorrer à presidência da França –o que de fato aconteceu com Strauss-Kahn, em 2011.

    A sequência, que mostra o abuso é violenta e mostrada em ordem cronológica no filme original, foi alterada na versão que estreou nesta semana nos EUA.

    "É uma censura arbitrária", afirmou Ferrara ao jornal "The New York Times".

    "Como esse cara vem e muda meu filme? Eu sou um diretor que faz cortes finais. É uma questão de liberdade de expressão", disse o diretor, referindo-se ao produtor Vincent Maraval, dono da Wild Bunch.

    De acordo com a advogada de Ferrara, Filomena Cusando, a versão americana do filme tem 15 minutos a menos que a original. Nela, a cena do estupro aparece apenas em pequenos trechos, como flashbacks, no depoimento da camareira à polícia. A mudança, segundo ela, dá a impressão de que a versão da mulher é colocada em dúvida.

    "A versão ilegal que Maraval fez mudou completamente o conteúdo político do filme", disse o diretor.

    Procurado pelo "NYT", o produtor não respondeu aos contatos.

    O presidente da IFC Films, a distribuidora de "Bem-Vindo a Nova York" nos EUA, a Wild Bunch era obrigada por contrato a entregar um filme cuja classificação indicativa permitisse a entrada de menores de 17 anos acompanhados de familiares, mas a versão original só seria permitida para maiores de 18 anos.

    Segundo ele, como o diretor do filme se recusou a fazer as alterações necessárias, a produtora de Vincent Maraval mudou o longa sem a cooperação do diretor.

    A advogada de Ferrara afirma que, como o diretor tinha direito a aprovar o corte final do filme, a Wild Bunch violou o acordo com Ferrara ao lançar outra versão nos EUA.

    Fale com a Redação - leitor@grupofolha.com.br

    Problemas no aplicativo? - novasplataformas@grupofolha.com.br

    Publicidade

    Folha de S.Paulo 2024