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    Festival na Cidade do Cabo celebra riqueza musical da África do Sul

    FABIO VICTOR
    ENVIADO ESPECIAL À CIDADE DO CABO

    30/03/2015 02h15

    Guardadas as diferenças culturais entre África do Sul e Brasil -maiores do que muitos supõem, menores do que sugere a distância transatlântica-, as Mahotella Queens são como as tias da velha guarda da Portela.

    Um show na sexta (27) no Cape Town International Jazz Festival, na Cidade do Cabo, festejou os 50 anos de carreira dessas rainhas da mbaqanga, ritmo zulu popular no país.

    Outras estrelas da música local, como Hugh Masekela e Sipho "Hotstix" Mabuse, e o presidente da República, Jacob Zuma, juntaram-se a elas para produzir o ponto alto do evento. Foi uma celebração à riqueza da música sul-africana.

    O grande encontro em torno das Mahotella, conjunto vocal que une canto e dança, sintetizou o balanço da 16ª edição do festival, encerrado no sábado (28). Os artistas da casa, em número quase igual ao de estrangeiros (21 contra 20), deram de goleada.

    E o time de visitantes não era fraco -Al Jarreau, Courtney Pine, Gerald Clayton e Amel Larrieux, para citar poucos.

    Um dos melhores shows, e o que mais empolgou o público, foi o do trompetista Hugh Masekela. Ídolo no país, voz ativa contra o apartheid que viveu por 30 anos no exílio, ele foi pupilo de Dizzy Gillespie e Louis Armstrong. Em 1968, emplacou a nstrumental "Grazing in the Grass" no topo das paradas dos EUA.

    Masekela tem uma banda impecável, com destaque para o jovem guitarrista Cameron Ward -o mundo ainda vai falar muito dele; se não falar, pior para o mundo.

    Foi até covardia pôr Jarreau para fechar o principal palco do festival logo após Masekela.

    O público, aceso pela performance incendiária do trompetista de 75 anos (a mesma idade de Jarreau), só faltou dormir com o soul jazz e a percussão vocal do americano.

    Mais de 35 mil pessoas estiveram no centro de convenções da cidade nos dois dias. O público é mais comportado que o brasileiro. Não se viu nenhuma briga ou confusão -mas também nenhum casal se beijando, um dos sinais das tais diferenças culturais.

    O jazz que dá nome ao festival reuniu na verdade uma salada sonora que foi das baladas melosas da polonesa Basia ao virtuosismo do citarista indiano Purbayan Chatterjee, passando pelo Dirty Loops, espécie de Jamiroquai sueco, que fez um dos shows mais anticlimáticos do fim de semana.

    Um destaque entre os forasteiros foi a espanhola Andrea Motis, 19, uma menina que canta como veterana e toca bem trompete e sax. O show dela mesclou standards do jazz (como "The Way You Look Tonight" e "Sun Showers") com musica brasileira: "Carinhoso", "Manhã de Carnaval", "Flor de Liz" e "Samba em Prelúdio". Motis, claro, cantou com sotaque, mas sem errar nenhuma das letras.

    O jornalista FABIO VICTOR viajou a convite da South African Tourism e da South African Airways.

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