Um novato na TV americana, o comediante sul-africano Trevor Noah, 31, será o sucessor do ultrapopular apresentador Jon Stewart, 52, no "talk show" de fim de noite "The Daily Show", do canal Comedy Central.

"Trevor quem?", perguntaram no ar vários apresentadores de telejornais americanos ao anunciar a novidade. Noah apareceu apenas três vezes como colaborador no "Daily Show", a primeira em dezembro passado.

Stewart está à frente do programa há 16 anos e se tornou um fenômeno político-jornalístico. Ele deve sair do ar em setembro. Seu salário é estimado em US$ 1,5 milhão (R$ 4,8 mi) por mês.

	Byron Keulemans/AFP
	O comediante Trevor Noah

O sucessor é mulato, filho de mãe negra da etnia xhosa e pai suíço, em tempos em que casamentos birraciais na África do Sul eram proibidos ("minha mãe escondia quem era meu pai", disse Noah ao jornal "The New York Times"). Noah cresceu em Soweto, em Johannesburgo, e fala seis idiomas.

"Não acreditei no convite por algumas horas. Precisava de uma bebida pesada, mas infelizmente estou em um lugar onde você não pode beber álcool regularmente", disse ao jornal. Ele está em Dubai apresentando seus monólogos cômicos.

O futuro do "Daily Show" interessa especialmente aos progressistas americanos e a amplos setores da imprensa. Por muitos anos, Jon Stewart funcionou como contraponto à histeria jornalística das redes de notícias Fox News (conservadora), MSNBC (democrata) e à superficialidade da CNN.

Diversas pesquisas desde 2008 apontam que o "Daily Show" é a principal fonte de notícias para os americanos com menos de 35 anos.

Noah será o terceiro apresentador não branco desses programas noturnos, depois de Arsenio Hall e de Larry Wilmore, que estreou em janeiro no canal Comedy Central como sucessor de Stephen Colbert (que a partir de setembro sucederá David Letterman).

Tanto Colbert, quanto Wilmore começaram como repórteres do "Daily Show" e seus programas foram produzidos por Jon Stewart.

Apesar da novidade racial na ainda predominantemente branca TV americana, sobraram críticas ao fato de ser mais um homem no comando de um "talk show" de fim de noite nos EUA.

Houve campanhas na internet para que estrelas como as atrizes e roteiristas Tina Fey e Amy Poehler fossem escolhidas. Ambas fizeram sucesso no "Saturday Night Live" e pilotaram séries de TV ("30 Rock" e "Parks and Recreation").

Outra campanha pedia por uma solução caseira: a repórter do próprio "Daily Show", Jessica Williams.

Nos últimos dois anos nos Estados Unidos, oito programas do gênero trocaram de guarda, mas todos mantiveram o Clube do Bolinha.