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    Vídeo assume papel de protagonista de peças no Festival de Curitiba

    GUSTAVO FIORATTI
    DE ENVIADO ESPECIAL A CURITIBA

    01/04/2015 02h00

    O Festival de Teatro de Curitiba, nesta sua 24º edição que prossegue até o dia 5/4, tirou do vídeo o papel de coadjuvante e o colocou no centro da cena.

    Além das produções que, de um jeito mais tradicional, exibiram imagens digitais –caso de "Post Scriptum", de Samir Yazbek–, as montagens em que o vídeo assume de vez por todas o protagonismo ocupam uma fatia significativa da programação.

    De passagem pelo Festival de Curitiba, com sua última sessão programada para esta quarta (1º/4), o espetáculo "Surfacing", do americano Holcombe Waller, é mais uma dessas experiências.

    Lenise Pinheiro/Folhapress
    Cena do espetáculo 'Surfacing'
    Cena do espetáculo 'Surfacing'

    Para conduzir a história de um refugiado que acorda no deserto e vive um fluxo de alucinações, o artista propõe uma colagem de imagens utilizando dois projetores.

    As cenas gravadas previamente ocupam um telão com cerca de 10 metros de largura por 6 metros de altura na parte de trás do palco e também passeiam pela superfície de objetos em cena, como um livro e uma barraca.

    DELÍRIO

    Segundo Waller, para que a plateia compartilhe com o herói da peça a sensação de um delírio, essa colagem de imagens busca um ponto excessivo, passando por paisagens falsas de montanhas, desenhadas digitalmente, e por coleções de imagens de arquivo, extraídas do cinema, da televisão, da internet e "dos inúmeros estímulos do nosso dia a dia".

    Essa espécie de barroquismo pop encontra similaridade com a peça "House of Asia", apresentada na semana passada pelos espanhóis da Agrupación Señor Serrano.

    O espetáculo começou com a imagem do World Trade Center, mas sob a perspectiva do terrorista que conduz o avião que vai colidir contra um dos edifícios. Em sincronia, um ator manipula um controle de videogame.

    O espetáculo depura sua inventividade ao produzir também imagens ao vivo. Há o momento em que, manipulada por um dos atores, uma pequena câmera vai passando por uma maquete que reproduz a casa em que Osama bin Laden foi morto, em 2011.

    Para quem vê da plateia a imagem projetada em um imenso telão ao fundo, a sensação é de estar compartilhando a visão de um soldado que invade a residência.

    GAMES

    Mais uma vez, a referência são os games, sob um olhar crítico às linguagens derivadas do pop. "Gostamos de dizer que fazemos 'hard-pop'. Usamos referências populares, o western, o tratamento excessivo de imagens e as animações, mas buscamos também uma certa agressividade", diz Pau Palacios, um dos idealizadores da peça.

    Por fim, Curitiba também exibe, nesta quarta, a peça "Samba Futebol Clube", que tem direção de Gustavo Gasparani e conjuga textos literários sobre futebol e música.

    Segundo Gasparani, em diversas cenas o vídeo é o personagem central da criação. Ao fundo do musical, há uma parede com 12 televisores. O conjunto exibe imagens sobre o tema proposto e mesmo os registros documentais ganham tratamentos inspirados na obra de artistas célebres, como Andy Warhol e Man Ray, entre outros.

    SURFACING
    QUANDO quarta (1º/4), às 21h
    ONDE Guairinha, r. 15 de Novembro, s/ nº, Curitiba, tel. (41) 3304-7900
    QUANTO R$ 70
    CLASSIFICAÇÃO 18 anos

    SAMBA FUTEBOL CLUBE
    QUANDO quarta (1º/4), às 21h
    ONDE Guairão, r. Conselheiro Laurindo, s/ nº, tel. (41) 3304-7903
    QUANTO R$ 70
    CLASSIFICAÇÃO 10 anos

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