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    Protesto pede fim do 'sucateamento' da cultura no Estado de São Paulo

    RAQUEL COZER
    COLUNISTA DA FOLHA

    01/04/2015 18h00

    Cerca de 200 pessoas se reuniram nesta quarta (1º) na frente da Sala São Paulo, sede da Secretaria de Estado da Cultura, no centro da capital, para se manifestar contra os cortes recentes na pasta, que tiveram resultados como a redução de 10% do orçamento do programa de incentivo Proac e o fechamento de seis Oficinas Culturais no Estado.

    A manifestação, organizada Cooperativa Paulista de Teatro, contou com a participação de colaboradores e frequentadores de oficinas que serão fechadas, como a Luiz Gonzaga, em São Miguel Paulista, e a Silvio Russo, em Araçatuba.

    "Muitos artistas que começaram em São Miguel agora estão rodando o mundo. A oficina faz parte da história do bairro, não gasta nem R$ 30 mil por mês, e vão fechar por falta de verba. Isso é um assassinato num bairro que já sofre tanto com violência e problemas na saúde", disse o diretor e ator Claudemir Santos, 39, que diz ter começado sua formação na Luiz Gonzaga.

    Dorberto Carvalho, 51, dramaturgo e diretor da cooperativa, questionou o corte de atividades das oficinas em regiões que sofrem com a violência, quando estudos mostram que a presença de equipamentos culturais ajuda a reduzir o crime em áreas carentes.

    "É irônico que, no momento em que se discute a redução da maioridade penal para combater o crime, o governo do Estado feche oficinas que ajudam na formação de artistas na periferia e no interior", disse.

    "MEDO DE MENINOS"

    Segundo ele, na terça (31) cerca de 80 meninos moradores de São Miguel Paulista tentaram entrar na secretaria para conversar com Marcelo Araújo, titular da pasta, mas foram impedidos. "Viramos uma sociedade que tem medo de meninos", disse.

    A secretaria informa que não eram 80, e sim "umas 30 pessoas", que indicaram uma comissão de três representantes —que, apesar de não terem hora marcada, foram atendidos, numa reunião que durou uma hora, pelo secretário-adjunto.

    Carvalho questionou dados da secretaria sobre custos da oficina na capital. "Dizem que a Luiz Gonzaga custa R$ 500 mil por ano, mas é só uma casinha com dois ou três funcionários. E, do ponto de vista do orçamento público, cortar em formação é dar um tiro no pé."

    O secretário Marcelo Araújo se prontificou a receber uma comissão de representantes da manifestação, mas, por votação, ficou decidido que ou iriam todos conversar com Araújo, ou não iria ninguém.

    Fazendo cantorias e carregando cartazes com dizeres como "O governador acabou com a água e agora que destruir a cultura" e "Sambando venceremos", os manifestantes se dirigiram até o portão do prédio, que foi fechado.

    Meia hora depois, sem sucesso, avisaram que questionarão o corte entrando com um protocolo na Assembleia Legislativa, "onde temos apoio inclusive de deputados da bancada governista".

    A secretaria informou que esperou pela comissão de representantes, mas que "eles não quiseram subir". E que os cortes já anunciados devem ser mantidos, a não ser no caso de "mudança no quadro econômico nacional".

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