• Ilustrada

    Sunday, 28-Apr-2024 17:54:18 -03

    Netflix vai ter 'tagger' para ver e classificar obras no Brasil

    FERNANDA REIS
    DE SÃO PAULO

    07/04/2015 02h15

    Por trás de toda categoria específica da Netflix, como "filmes latino-americanos sobre crimes", há alguém responsável por ajudar a classificar seu conteúdo. Pela primeira vez, haverá um desses profissionais, chamados de "taggers", no Brasil —sinal de importância do país para o serviço de vídeo sob demanda.

    Cada filme ou programa que entra no catálogo da Netflix é classificado por um responsável por avaliar as coisas mais diversas: há nudez ali? De que tipo? Aparecem animais? Se sim, bichos fofos de estimação ou ferozes predadores? Com base nisso, o sistema coloca cada título em diferentes categorias.

    Por ora, os títulos presentes no país são classificados por brasileiros vivendo nos Estados Unidos. "Mas queremos ter alguém no país, imerso na cultura daí no dia a dia", conta à Folha o vice-presidente de inovação do serviço, Todd Yellin.

    As "tags" têm funções diferentes para o serviço. Foi vendo que Kevin Spacey e dramas políticos eram populares, por exemplo, que a Netflix decidiu investir em "House of Cards", sua primeira série original de sucesso.

    Saeed Adyani
    Kyle Chandler e Ben Mendelsohn na série da Netflix 'Bloodline
    Kyle Chandler e Ben Mendelsohn na série da Netflix 'Bloodline'

    Para a equipe de Yellin, no entanto, o impacto é outro: "Temos que colocar o conteúdo certo na frente da pessoa certa na hora certa". Entender o conteúdo é o primeiro passo para dar sugestões que agradem os usuários. "Temos milhares de títulos e não queremos que os assinantes gastem seu tempo procurando o que assistir."

    "Às vezes, para efeito de humor, colocamos categorias super específicas, mas na verdade só queremos saber que título será perfeito para cada um naquela noite", conta.

    Conhecer as preferências de cada um permite que o serviço, por exemplo, ofereça diferentes trailers de uma mesma série para diferentes usuários. "Pense [na série original] 'Bloodline'. Quem gosta de mistério recebeu um trailer. Quem gosta de dramas familiares viu outro."

    Até a foto que aparece ao lado de cada título é pensada. O serviço testa imagens diferentes para os usuários e a mais popular passa a ser exibida para todos. "O próximo passo é mostrar imagens personalizadas para cada um."

    Um "tagger" local, segundo Yellin, permite que as pequenas sutilezas de um país sejam compreendidas. "Queremos entender todos os tons de cinza", afirma. Por ora, o serviço tem profissionais nos EUA, no México, na Holanda, no Canadá e no Reino Unido.

    INVESTIMENTOS

    Yelling diz que neste ano a Netflix irá dobrar seu conteúdo original. Se no ano passado foram 100 horas de títulos próprios no mundo todo, em 2015 serão mais de 300. "E no ano que vem esse número dobrará novamente", afirma.

    "Haverá ficção científica, drama, comédia e por aí vai", diz, sobre o conteúdo. Teremos títulos locais e internacionais." Yelling cita, por exemplo, a série "Narcos", que narra a história do colombiano Pablo Escobar, interpretado por Wagner Moura.

    "Conseguimos ter o José Padilha, um dos melhores diretores brasileiros, no projeto. Sou fã de 'Tropa de Elite'."

    Em relação à tecnologia, ele conta que a Netflix está investindo nos comandos de voz. "Achamos que nos próximos anos você vai poder falar a sua TV que quer ver o quinto episódio de 'Narcos' sem tocar no controle remoto", diz. "Estamos trabalhando para facilitar o acesso àquilo que você quer ver."

    ESPECTADOR PROFISSIONAL

    Onde há "taggers"?
    Estados Unidos, México, Holanda, Reino Unido, Canadá e, em breve, no Brasil

    O que ele faz?
    Assiste semanalmente a títulos que vão entrar no catálogo da Netflix e preenche um questionário classificando a produção

    Como é o questionário?
    Existem centenas de "tags" (classificações) disponíveis. O "tagger" diz, por exemplo, se há animais na trama. Se sim, de que tipo: bichos fofos de estimação ou predadores ferozes? Há nudez? De que tipo? As "tags" ajudam a colocar a obra em uma dentre milhares de categorias

    Fale com a Redação - leitor@grupofolha.com.br

    Problemas no aplicativo? - novasplataformas@grupofolha.com.br

    Publicidade

    Folha de S.Paulo 2024