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    Marvel-Nexflix traz 'Demolidor' mais violento em nova série

    RODRIGO SALEM
    COLABORAÇÃO PARA A FOLHA, EM NOVA YORK

    12/04/2015 02h40

    Janelas quebradas, móveis destroçados, borrifos de sangue no chão. Esse não é o cenário que estamos acostumados a ver em programas ou filmes baseados em heróis de quadrinhos, mas é bom se acostumar com a descrição: "Demolidor", que estreou na sexta (10), na Netflix, não é uma série comum da Marvel.

    A reportagem da Folha está em Greenpoint, área de galpões no bairro do Brooklyn, em Nova York. No apartamento de Matt Murdock (Charlie Cox), advogado cego que tem os demais sentidos ampliados e combate o crime, os destroços de uma grande luta adiantam o tom dos episódios da série –a primeira de cinco programas gerados pelo acordo entre Marvel e Netflix para trazer os heróis urbanos da editora à telinha. "Demolidor" é violento, realista e diferente do tom de "Os Vingadores".

    "Nada é gratuito", explica Jeph Loeb, roteirista de HQs que virou produtor da Marvel nos projetos para TV. "É uma série da Netflix e também da Marvel. Sim, é a mais ousada que já fizemos e acreditamos ser apropriada para o formato. Não é sobre violência ou sexo, é sobre realismo."

    O ator Charlie Cox em cena do filme 'Demolidor'
    O ator Charlie Cox em cena do filme 'Demolidor'

    Tanto que "Demolidor" teve seus 13 episódios filmados neste pequeno estúdio, onde ficam o escritório de advocacia de Murdock e seu parceiro, Foggy Nelson (Elden Henson), seu apartamento e o hospital Metro-General, fora pontos de verdade no Brooklyn.

    Além disso, o uniforme vermelho tão famoso nos quadrinhos não dá as caras em grande parte da temporada. Murdock usa uma bandana preta sobre os olhos para as missões iniciais, focadas em desembaraçar um esquema de tráfico humano pela máfia russa no bairro de Hell's Kitchen (nos gibis, "Cozinha do Inferno").

    "Ele sai à noite para lutar contra homens armados. Matt se machuca. Muito", diz Cox, que treinou artes marciais por um mês para a série. "Fiz o máximo de cenas até me impedirem por causa do perigo."

    Mas encontrar esse tom sombrio teve seus obstáculos. Em maio de 2014, semanas antes do começo das filmagens, o criador da série, Drew Goddard ("O Segredo da Cabana"), deixou o projeto para dedicar-se a "Sexteto Sinistro", parte da franquia do "Homem-Aranha", na Sony.

    Para seu lugar como showrunner, a Netflix trouxe Steven S. DeKnight ("Spartacus"). "Nós três trabalhamos juntos em 'Buffy' e Drew sempre quis Steven no projeto, mas ele não tinha espaço na agenda. Mas tudo aconteceu para tê-lo aqui", garante Loeb.

    "Drew escreveu os dois primeiros episódios, deixou a receita e só precisei cozinhar", brinca DeKnight.

    PANELAÇO

    Essa receita –bastante satisfatória– segue a linha moderna do que está sendo feito em termos de televisão. Não há pressa em transformar Murdock no Demolidor e Wilson Fisk (Vincent D'Onofrio) no Rei do Crime. "A grande história de amor da primeira temporada pertence a Fisk", diz DeKnight, influenciado pela passagem dos roteiristas Frank Miller e Brian Michal Bendis nas HQs do herói.

    "Há uma área cinzenta em termos morais quando falamos de heróis e vilões nesta série. Não é como nenhuma outra do gênero."

    "Demolidor" funciona como um "lado B" da Marvel. Não há participações especiais, mas referências realistas, como o preços dos imóveis terem caído após a batalha em Manhattan que aconteceu em "Os Vingadores" (2012).

    "O universo está conectado, mas de forma discreta", explica Loeb, que supervisionará mais quatro séries no estilo para a Netflix: "Jessica Jones", "Luke Cage", "Punho de Ferro" e, no fim, "Os Defensores", que unirá todas elas.

    "Enquanto Thor, Homem de Ferro e Capitão América lutam pelo Universo, esses outros heróis se importam com as pessoas do bairro. A Cozinha do Inferno é seu mundo. E ele não é bonito de se ver."

    O jornalista RODRIGO SALEM viajou a convite da Netflix.

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