Ronaldo Fraga escalou 35 mulheres, de todos os corpos e idades, para posar de caudas de sereia e peito nu em um mar de pneus, no meio da passarela da São Paulo Fashion Week. "Elas são mulheres fortes."

Acho importante fazer isso em um país onde é proibido envelhecer, estar acima do peso ou ser negro. A sereia não envelhece. Ela está sempre sensual", comenta o estilista.

A ideia veio da periferia de João Pessoa, onde Ronaldo faz um trabalho social importante há anos. Em uma de suas viagens, descobriu a escama de Camurupim, que era descartada por ser considerado um peixe de terceira linha. A matéria-prima chamou a atenção do estilista, que começou a chamar as mulheres da Paraíba de sereias. Foi aí que surgiu a coleção, uma ode à Iemanjá e à mulheres fortes e independentes.

Essa ideia se traduz em uma textura que parece madre-pérola - mas é a escama do peixe trabalhada pelas mulheres paraibanas -, redes de pescador e tecidos vazados. A silhueta é aquela tipica de Ronaldo Fraga: longilínea, afastada do corpo, fluída, com alguns vestidos de cintura marcada.

O último look, feito inteiramente de fio de ródia - um fio biodegradável descoberto pelo estilista, que só era utilizado na indústria - que representa o fio do cabelo da sereia. "Não tem nada de romântico nessa coleção. Ela fala sobre mulheres fortes, independentes.

O último look representa essa força, já que o fio de ródia toma a forma que quer, quando quer", finaliza.