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    Harvey Weinstein, produtor de Tarantino, rouba a cena em festival

    DA EFE

    18/04/2015 21h03

    O produtor de cinema Harvey Weinstein - que traz no currículo filmes como "Pulp Fiction" (1994), "Prêt-à-Porter" (1994), "Shakespeare Apaixonado" (1998) e "Gangues de Nova York" (1995)- participou de bate-papo animado na tarde deste sábado com o público do Festival de Cinema de Tribeca, em Nova York.

    Em pouco mais de uma hora, ele contou como se apaixonou por cinema ao ver "Os Incompreendidos" (1959), de François Truffaut, o início de sua carreira nos cinemas e deu alguns detalhes das filmagens do próximo filme de Quentin Tarantino, "The Hateful Eight", que estreia no fim do ano.

    Weinstein começou sua carreira com filmes mais artísticos e de baixo orçamento, na produtora Miramax Films, que fundou com o irmão Bob. A Miramax ganhou fôlego nos anos 1990, ao produzir sucessos de público e crítica, e foi depois comprada pela Disney. Os irmãos depois fundaram o estúdio. The Weinstein Company.

    Na conversa no festival, Weinstein assegurou que quase todo o sucesso se deve a Tarantino. "Quentin é o pilar", explicou o produtor, para quem o êxito de filmes como "Pulp Fiction" e a "lealdade" do diretor foram fundamentais para o crescimento da Miramax e o êxito de seu novo projeto.

    Por isso, afirmou, Tarantino tem total liberdade em todas as etapas da produção dos filmes.

    "Estamos rodando 'The Hateful Eight' em película de 70 milímetros e não fazemos concessões", disse o produtor, que assegurou que o filme será algo "especial", "inteligente" e "arriscado".

    Weinstein acertou ao apostar em Tarantino no começo da década de 90, mas obviamente não foi só questão de sorte, como mostra sua carreira, que deu chances ao cinema alternativo e levou ao grande público vários dos grandes talentos da atualidade.

    Diretores como Steven Soderbergh, Gus Van Sant, Robert Rodriguez, Anthony Minghella e Kevin Smith triunfaram pelas mãos de Weinstein.

    Entre os filmes que o levaram ao topo também está "Gênio Indomável" (1997), escrito e protagonizado por Matt Damon e Ben Affleck, que, garantiu, conseguiu por ter sido o único produtor que leu o roteiro inteiro.

    Affleck e Damon incluíram uma cena de sexo oral entre os dois personagens principais, que tinha como único objetivo saber se as pessoas realmente liam toda a história. Weinstein foi o primeiro que perguntou sobre essa cena, o que os convenceu a assinar com a Miramax.

    Essa capacidade para detectar antes de qualquer pessoa projetos que agradem a crítica e o público levou Weinstein a investir em filmes tão arriscados como o francês "O Artista", longa mudo e em preto e branco que ganhou o Oscar de melhor filme em 2012.

    Além de seu bom olho, o que diferencia Weinstein de outros grandes produtores é seu afeto pelos focos. Enquanto a maioria prefere um discreto segundo plano, o nova-iorquino se caracterizou por um forte perfil público, seja criticando a Academia, discutindo com colegas ou fazendo campanha por candidatos democratas.

    Tudo isso, naturalmente, também o fez ganhar muitos críticos, que recriminam frequentemente suas técnicas negociadoras, sua tesouradas em alguns filmes e seu lendário gênio ruim.

    Recentemente, uma ex-miss Itália, Ambra Battilana, o acusou de tentar tocá-la inapropriadamente durante uma reunião. Segundo o jornal "The New York Post", uma fonte junto à polícia de Nova York teria dito que o caso "é uma besteira" e que Weinstein estaria sendo vítima de "uma tentativa de chantagem".

    Vale a pena tanta exposição? "Não tem muitas vantagens. Você consegue reservas em restaurantes fantásticos, essa é a vantagem. O resto é inconveniente", disse o produtor no festival.

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