• Ilustrada

    Monday, 06-May-2024 03:38:28 -03

    Roberto Carlos comemora 74 anos com show em estádio em São Paulo

    ANNA VIRGINIA BALLOUSSIER
    DE SÃO PAULO

    18/04/2015 23h52

    "Caetano? Um vadio. Chico? É outro. Nem falo do Gil. Agora, veja o Roberto. Rei tem que saber se portar. Roberto está aí há gerações. É um cara família", diz o empresário "do ramo dos bois" Marcos Felício, 57, balançando uma taça de plástico com o champanhe distribuído de graça no camarote Emoções.

    Roberto Carlos, esse cara família, está de parabéns. Comemorou 74 anos na noite de sábado (18), véspera de seu aniversário, com show no estádio do Palmeiras, em São Paulo.

    Um concerto de Roberto é como a reprise daquele seu filme favorito na Sessão da Tarde. Ele dá à plateia exatamente o que ela espera, da chuva de rosas no final às declarações de amor que servem de vírgula para seu cancioneiro –uma sucessão de hits que abasteceriam uma noite inteira no karaokê.

    Este cara é ele: Roberto entra no palco às 21h20 com terno branco sobreposto sobre uma camisa igualmente alva e com flores azuis, desabotoada até a terceira casa e emoldurada por uma corrente de prata.

    Pega o microfone: "Quero dizer uma coisa para vocês". Começa então os versos "quando eu estou aqui eu vivo este momento lindo...", espalmando os braços como Cristo Redentor.

    A certa altura, Roberto promete apimentar a relação. Conta ter reparado que só escrevia canções de amor doces e talvez inocentes, "embora eu nunca tenha sido inocente na minha vida".

    Vamos falar de sexo, sugere Vossa Alteza. Ele diz ter superado o medo de "ficar falado na rua" ao incluir "Proposta" no repertório. Na música, fala sobre "seguirmos juntos na mesma estrada" e "dar seu corpo" –empilhando propostas tão picantes quanto um milkshake de baunilha com cubos de gelos esculpidos no formato do rosto de Celine Dion.

    Quando canta que "cartas já não adiantam mais", do sucesso "Eu te Amo", uma senhora de cabelo acaju com uma faixa do ídolo na testa berra seu palpite: "Tenta WhatsApp!".

    Na área VIP, parte do público perdeu a majestade. Quem levantava para tirar selfie com o bolo servido no palco ao aniversariante era xingado pela plateia sentada com termos pouco "família". "A gente paga uma fortuna para ficar no meio desta muvuca", lamentava uma indignada.

    Houve também reclamações de cadeirantes mal posicionados e do público no fundo do estádio, com dificuldades para escutar o show. Um senhor que assistia ao Rei pela segunda vez (a primeira foi num congresso de ortopedistas) disse no final do show que " bundistas" haviam batido sua carteira.

    A professora Márcia Fernandes, 65, não tem do que reclamar. Há duas décadas segue o Rei onde ele for, na terra (de Jerusalém a Las Vegas) ou no mar ("a-mo os cruzeiros").

    Veio de Brasília com a missão de presentear Roberto com um "biscuit personalizado": um bonequinho do artista feito de massinha e encaixotado em vidro.

    Roberto Carlos, soberano no palco e alheio às intrigas na corte, encerra o espetáculo com "Jesus Cristo". Fogos iluminam o céu. E todos vão com Deus.

    Fale com a Redação - leitor@grupofolha.com.br

    Problemas no aplicativo? - novasplataformas@grupofolha.com.br

    Publicidade

    Folha de S.Paulo 2024