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    Espetáculo de Peter Brook revê tragédia do apartheid

    IARA BIDERMAN
    COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

    20/04/2015 02h11

    Um homem, uma mulher e um terno. Esse é o estranho triângulo amoroso da peça "O Terno", do diretor inglês Peter Brook, com apresentações de quinta (23) a domingo (26), no Sesc Pinheiros.

    Os ingressos, colocados à venda na quarta (15), já estão esgotados. Bilhetes comprados pela internet e não retirados até cinco minutos antes do espetáculos serão colocados à venda na hora. No Rio, ainda há lugares.

    Na trama, baseada num texto do sul-africano Can Themba, o amante da personagem Matilda é flagrado pelo marido traído, foge pela janela do quarto do casal só com a roupa de baixo, deixando seu terno para trás.

    Pascal Victor/ArtComArt
    Cena da peça 'O Terno', dirigida pelo britânico Peter Brook
    Cena da peça 'O Terno', dirigida pelo britânico Peter Brook

    Como castigo, o marido obriga a mulher a tratar o conjunto de roupa masculina como um convidado de honra: Matilda tem que servir o terno à mesa, o entreter, dançar e dormir com ele.

    A história já havia sido montada, em francês, pelo mesmo Brook, em 1999. Mas a versão em inglês, que será apresentada em São Paulo com legendas, não é um repeteco da primeira montagem.

    "É muito diferente de 'Le Costume' [a primeira versão]. Voltamos ao inglês original de Themba e acrescentamos outros textos escritos por ele", diz a diretora Marie-Hélène Estienne, que assina a montagem com Brook e o compositor Franck Krawczyk.

    A presença de músicos no palco e a mistura de gêneros é outro diferencial da versão da peça, segundo Estienne. A trilha de "O Terno" vai de Bach a Miriam Makeba.

    Tão presente quanto o amante que fugiu é o lugar onde se passa a peça. Matilda e o marido vivem em Sophiatown, polo da cultura negra em Johannesburgo nas décadas de 1940 e 1950.

    O autor do texto também viveu no bairro, destruído pelo regime do apartheid. Com base em um decreto proibindo pessoas de diferentes raças morarem na mesma área, os negros de Sophiatown foram expulsos do local.

    "Esta história é mais poderosa do que nunca. Está ligada à pobreza, à revolta e à impossibilidade de se revoltar quando as condições de vida são terríveis", diz Estienne.

    O TERNO
    QUANDO de 23/4 a 26/4; de qui. a sáb., às 21h, dom., às 18h; no Rio, 30/4 (21h), e 1º/5 (20h)
    ONDE Sesc Pinheiros, r. Paes Leme, 195, tel. (11) 3095-9400; Cidade das Artes, av. das Américas, 5.300, Rio, tel. ((21) 3325-0102
    QUANTO de R$ 18 a R$ 60 em SP (esgotados); de R$ 30 a R$ 100 no Rio (ingressorapido.com.br)
    CLASSIFICAÇÃO 14 anos (SP) e 16 anos (Rio)

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