Em entrevista ao jornal inglês "The Guardian" – uma de suas primeiras depois de ter sidoexpulso do Festival de Cannes em 2011 por ter feito uma piada em que dizia ser nazista – Lars Von Trier assumiu seus problemas com o álcool, contou que tem frequentado as reuniões de um grupo dos Alcoólicos Anônimos diariamente há seis meses, mas que precisou voltar a beber "um pouco" para conseguir trabalhar.

"Quando você é um artista e está bêbado, você fica mais sensível", disse o diretor. "Tenho uma teoria: cientistas dizem que 80% do nosso trabalho mental é para interromper os sentidos. Então temos filtros para bloquear informações inúteis. Mas, se você é sensível, isso significa que esses filtros estão um pouco problemáticos."

	Tobias Schwarz/Reuters
	O diretor Lars von Trier posa para foto, em Berlim

Von Trier contou que tem percebido no tratamento contra a dependência química que a "sensibilidade traz ansiedade", e que às vezes é possível lidar com isso, às vezes não.

Na conversa, ele também falou da liberdade de expressão na Dinamarca e dos atentados ao jornal satírico francês "Charlie Hebdo", em janeiro.

"Todo mundo parece encorajar os artistas a desenhar o que quiserem", afirmou o cineasta, "Mas nem sempre é assim. Na Dinamarca, há pessoas de direita que querem irritar e humilhar os muçulmanos. Politicamente, é diferente na França, onde o 'Charlie Hebdo' é uma publicação de esquerda."

Perguntado sobre a importância do sexo em seus filmes, o Lars Von Trier respondeu que vem de uma família nudista e que "não sabe o que isso tem a ver com o sexo, é o problema de ser real". Sobre um próximo trabalho, ele desconversou: "Não sei. O problema é que é muito fácil financiar algo para uma série de TV, mas não sei se é o caminho que deveria seguir".