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    Depois de 12 anos longe dos palcos, Sergio Mamberti estreia peça

    IARA BIDERMAN
    COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

    24/04/2015 02h40

    Na quarta-feira (22), depois de 12 anos fora dos palcos, Sergio Mamberti comemorou seu aniversário de 76 anos como um velho rabugento e cheio de preconceitos.

    Foi uma sessão para convidados de "Visitando o Sr. Green", peça do americano Jeff Baron, que estreia nesta sexta (24), em São Paulo.

    O sr. Green, que já visitou 45 países desde que a obra foi montada pela primeira vez (1996) e já foi vivido no Brasil por Paulo Autran (1922-2007), é um velho judeu ortodoxo que mora sozinho em um apartamento em Nova York.

    Lenise Pinheiro/Folhapress
    Ricardo Gelli e Sergio Mamberti em cena de "Visitando o Sr. Green"
    Ricardo Gelli e Sergio Mamberti em cena de "Visitando o Sr. Green"

    "O personagem foi inspirado na minha avó, mas, para construí-lo, entrevistei vários homens na faixa dos 80 anos. Fiz isso também com Ross [o outro personagem], mesmo ele sendo baseado em mim", diz Jeff Baron à Folha.

    Ele veio a São Paulo para a sessão da peça –a visita é a cereja do bolo de aniversário de Mamberti. O ator diz que já pensava em voltar ao teatro havia cinco anos, mas ficou atrelado a compromissos no Ministério da Cultura, no qual ocupou cargos como o de presidente da Funarte.

    "A militância cultural é uma das minhas paixões, mas voltar ao teatro é uma coisa... É a própria vida, é ali que eu respiro, vivo", diz. As reticências na frase correspondem a um momento de voz embargada e lágrimas.

    Mas Mamberti se recompõe logo –ele não gosta de melodramas. Nem na entrevista nem na peça. Na trama, o velho turrão que perdeu a mulher há pouco é obrigado a conviver com Ross (Ricardo Gelli), um jovem yuppie gay prestes a sair do armário.

    "Os dois estão em um momento de crise, vivendo seus dramas pessoais. Então a dificuldade é não deixar a peça ficar melodramática, ela não é isso", diz Mamberti.

    "Visitando o Sr. Green" está mais para "dramédia". "Para mim, parte importante da experiência de ir ao teatro é a diversão", diz Baron.

    O humor do texto é sutil. "Hoje o brasileiro está acostumado à comédia sem sutileza, vamos ver como a plateia vai reagir a esse humor mais delicado", diz Cassio Scapin, que dirige a montagem.

    Scapin fez o papel de Ross em 2000, na versão com Paulo Autran (a quem é dedicado o espetáculo). A experiência ajudou, mas também o deixou preocupado.

    "Mas, no fim, cada um dá a sua versão daquilo que entende do personagem e do espetáculo, e o resultado é outro. Se o teatro não se regenera, degenera", diz Scapin.

    VISITANDO O SR GREEN
    QUANDO sex., às 21h30, sáb., às 21h, e dom., às 19h; até 19/7
    ONDE Teatro Jaraguá, r. Martins Fontes, 71, tel. (11) 3255-4380
    QUANTO R$ 50
    CLASSIFICAÇÃO 14 anos

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