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    CRÍTICA

    'Anna K.' dribla escassez de recursos com criatividade, mas não tem fôlego

    ANDRÉ BARCINSKI
    ESPECIAL PARA A FOLHA

    30/04/2015 02h18

    O material de divulgação do filme "Anna K." diz que a produção foi realizada com recursos próprios. De fato, não há, em sua abertura, aquela longa procissão de logotipos de estatais e agradecimentos a ministérios, tão típicas do cinema brasileiro. "Anna K." é coisa rara em nosso cinema: um filme independente de verdade.

    Estreia na direção de longas-metragens do artista plástico José Roberto Aguilar, pioneiro da videoarte no país, "Anna K." é um drama psicológico sobre Joana Fonseca (Leona Cavalli), que sofre de dupla personalidade e acredita ser Anna Karenina, personagem do romance de Tolstói.

    Um professor de russo, Nikitin (Vadim Nikitin), é contratado para dar aulas de russo a Joana e tentar entender as causas de seus problemas.

    Divulgação
    Joana Fonseca (Leona Cavalli) e seu professor de russo, Niktin (Vadim Nikitin), em cena do longa 'Anna K.'
    Joana Fonseca (Leona Cavalli) e seu professor de russo, Niktin (Vadim Nikitin), em cena do longa 'Anna K.'

    Durante os encontros de Nikitin e Joana, ela se metamorfoseia em Anna K., e começa um lúdico e estranho relacionamento a três. O elenco tem a participação de
    Boris Schnaiderman, celebrado tradutor de Dostoiévski, Tolstói, Tchékhov e Maiakósvki, entre outros.

    "Anna K." é corajoso e de narrativa incomum. Mistura poesia e videoarte e traz imagens bonitas e impactantes, cortesia da direção de arte de Márcia Beatriz Granero e da fotografia do grande Aloyisio Raulino, morto em 2013.

    A limitação orçamentária é evidente. É um filme muito simples, com um total de 11 pessoas no elenco. Aguilar tenta driblar a escassez de recursos com criatividade e imaginação, mas a história parece não ter fôlego para um longa-metragem, e a sensação é de que o filme foi estendido além da conta para chegar aos 80 minutos.

    Algumas sequências são muito bonitas, mas teriam mais força se não se prolongassem tanto. "Anna K." é uma bonita videoinstalação em busca de uma história.

    ANDRÉ BARCINSKI é jornalista e autor do livro "Pavões Misteriosos" (Três Estrelas)

    ANNA K.
    DIREÇÃO: JOSÉ ROBERTO AGUILAR
    ELENCO: LEONA CAVALLI, VADIM NIKITIN E ELENA NIKITINA
    PRODUÇÃO: BRASIL, 2014, 14 ANOS
    QUANDO: ESTREIA NESTA QUINTA (30)

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