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    Dalton Trevisan e Rubem Fonseca completam ativos 9 décadas de vida

    MARCO RODRIGO ALMEIDA
    ENVIADO ESPECIAL A CURITIBA
    RAQUEL COZER
    ENVIADA ESPECIAL AO RIO

    07/05/2015 02h00

    As narrativas que os consagraram são curtas, bem diferente do fôlego dos dois autores, longuíssimo: nos próximos dias, Dalton Trevisan e Rubem Fonseca chegam aos 90 anos ainda ativos, produtivos e ligeiros.

    Dois dos maiores contistas do país, e sem dúvida na restrita lista dos nossos maiores escritores vivos em qualquer gênero, Rubem -que faz aniversário na segunda (11)- e Dalton -que se iguala ao colega em 14 de junho-, têm muito mais a uni-los.

    Com quase 90, Rubem escreve diariamente e puxa ferro na academia
    Tímido ao ser abordado em público, Dalton Trevisan afirma não ser quem é

    Tidos como os "Salingers brasileiros", pela notória reclusão e aversão aos holofotes, ambos nortearam suas obras nas disfunções do universo urbano. No caso de Dalton, saltam aos olhos os conflitos conjugais e o sexo; no de Rubem, a violência, o crime e também o sexo.

    Luiz Weksler/Acervo pessoal
    O escritor Rubem Fonseca em sua formatura, em 1948
    O escritor Rubem Fonseca em sua formatura, em 1948

    Eles estrearam na literatura com apenas alguns anos de diferença -Dalton em 1959, com "Novelas Nada Exemplares"; Rubem em 1963, com "Os Prisioneiros". Os dois livros formaram juntos um sopro de renovação na literatura brasileira.

    Novelas Nada Exemplares
    Dalton Trevisan
    livro
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    Bonés enterrados nas cabeças compõem o figurino cotidiano dos dois, artifício utilizado para flanar por suas cidades sem serem percebidos.

    No outono da vida, uma diferença os separa, segundo os críticos. A obra de Dalton, o Vampiro de Curitiba (o escritor ganhou como apelido o título de seu mais famoso livro), continua excelente. Ele é tema de seminário que começa nesta quinta (7) na USP.

    Já Rubem, em seus últimos livros, está muitos degraus abaixo da produção que o consagrou a partir dos anos 1960 e 1970-o recém-lançado "Histórias Curtas" confirma a tendência.

    Reprodução
    O escritor Dalton Trevisan, autor de "O Vampiro de Curitiba", que não se deixa fotografar, em uma de suas raras imagens
    O escritor Dalton Trevisan, autor de "O Vampiro de Curitiba", que não se deixa fotografar, em uma de suas raras imagens

    De toda forma, a trajetória dos dois é um legado inestimável para as novas gerações.

    "Eles inventaram o conto urbano contemporâneo. São dois contistas fundamentais na literatura brasileira", diz o também contista André Sant'Anna.

    Terceiro integrante da tríade de grandes contistas do país, Sérgio Sant'Anna (pai de André) comentou a pedido da Folha a obra dos colegas.

    Nos últimos dias, a reportagem esteve no Rio de Rubem e na Curitiba de Dalton, as cidades que são parte indissociável de suas obras.

    Travou breves contatos com os dois (abordado, Dalton negou ser Dalton e disse que não faz aniversário) e entrevistou dezenas de pessoas que convivem com eles e ajudaram a compor uma breve narrativa dos mestres das narrativas breves.

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