A Subprefeitura do Butantã afirmou nesta quarta-feira (6) que irá "aplicar as medidas cabíveis" e notificar os artistas responsáveis por instalar um piano sobre os arcos da antiga ponte do Morumbi, na marginal Pinheiros, desativada desde 1988.
O piano está sobre a ponte desde 21 de março, quando um coletivo de artistas promoveu uma festa para a abertura da instalação artística "Parque Suspenso".
A subprefeitura não respondeu quando questionada sobre a identidade dos responsáveis e sobre quem deve retirar o instrumento. Tampouco disse o prazo em que a operação deve acontecer.
Fontes ouvidas pela Folha que estiveram no local relataram que entre cem e 200 pessoas foram à festa, que não tinha autorização da prefeitura para acontecer.
Elas foram avisadas por boca a boca ou por mensagens nas redes sociais.
| Eduardo Knapp/Folhapress | ||
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| Piano instalado sobre os arcos da antiga ponte do Morumbi, na marginal Pinheiros, zona sul de SP |
"Os designers nova-iorquinos N.D. Austin e Jeff Stark prepararam uma cerimônia de abertura espetacular. O evento começa às 17h30 em ponto no sábado 21 de março", dizia uma mensagem que circulou nessa data pelo aplicativo WhatsApp.
"É possível acessar o parque pelo sistema CPTM, depois de uma curta caminhada. Você receberá instruções detalhadas amanhã, a partir do meio-dia."
O convite ainda advertia para a ausência de banheiros e para a estrutura improvisada: "Esteja preparado para alturas, escadas altas e esteja disposto a ocupar o espaço público sem permissão".
Dois presentes contaram que, para acessar a ponte, era preciso subir uma escada (de corda e de madeira) e atravessar uma rede de segurança, instaladas pela organização.
A rede de proteção se rompeu no momento em que a jornalista Claudia Garcia deixava o local. Ela caiu e fraturou a bacia e um osso da lombar. Procurada pela reportagem, não quis dar entrevista.
Pessoas ligadas à organização, que não quiseram se identificar, dizem que a ideia do artista Nathan Austin era deixar o piano no local.
Ele foi içado até o topo dos arcos com a ajuda de um caminhão, que estacionou na ponte nova, com a ajuda de vigas e cordas.
"O 'Parque Suspenso' foi um esforço coletivo para chamar atenção para uma parte vazia e esquecida de São Paulo –uma estrutura linda que estava escondida desde que foi desativada", disse Austin à Folha, por e-mail.
Ele também lamentou o acidente com Claudia e disse que tem acompanhado a sua recuperação.
É a segunda vez que o artista, conhecido pelas instalações clandestinas em paisagens inóspitas no mundo, promove esse tipo de ocupação na cidade. Em 2014, construiu um bar em uma casa na árvore à beira do rio Tietê, onde funcionava o Playcenter.