Rubens Francisco Lucchetti, 85, é uma espécie de herói anônimo da cultura pop brasileira. Muita gente conhece seu trabalho sem saber. Se você já comprou algum livrinho "pulp", que são vendidos em bancas e trazem histórias de terror, mistério, crime e aventura, assinados por nomes como "Theodore Field", Christien Gray" ou "Frank Luke", é leitor de Lucchetti e não sabe: todos pseudônimos dele.

Nas últimas seis décadas, esse paulista de Santa Rita do Passa Quatro escreveu mais de 1500 livros, cerca de 300 histórias em quadrinhos e dezenas de filmes. Roteirizou alguns dos clássicos de José Mojica Marins, o Zé do Caixão, e gibis de nomes como Nico Rosso e Eugênio Colonnese.

Lucchetti é um homem privado. Em 1998, quando lancei, em parceria com Ivan Finotti (editor da "Ilustrada") uma biografia do Zé do Caixão, o convidamos para vir ao lançamento, mas ele recusou. Disse que não gostava de se expor.

	Edson Silva/Folhapress
	Rubens Francisco Lucchetti, escritor e roteirista de José Mojica Marins, o Zé do Caixão, na biblioteca de sua casa em Jardinópolis (SP).

MILIONÁRIO

Felizmente, parece ter mudado de ideia. Tanto que concedeu longas entrevistas ao autor e pesquisador de cinema Rafael Spaca, que acaba de reuni-las no livro "Conversações com R.F. Lucchetti".

O livro é curto e inclui uma extensa filmografia e textos sobre o escritor. As entrevistas ocupam cerca de metade da obra, e são reveladoras.

Lucchetti fala sobre a literatura "pulp", seu trabalho no cinema. Também lamenta as oportunidades perdidas com José Mojica Marins: "Se ele não tivesse agido atabalhoadamente na época em que trabalhamos juntos, hoje ele estaria milionário; e eu, rico".

CONVERSAÇÕES COM R.F. LUCCHETTI
AUTOR Rafael Spaca
EDITORA Verve
QUANTO R$ 30 (160 págs.)