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    'A Espiã que Sabia de Menos' traz mulher comum no papel de agente da CIA

    MELENA RYZIK
    DO "NEW YORK TIMES", DE BUDAPESTE (HUNGRIA)

    09/05/2015 03h00

    Melissa McCarthy estava num set de filmagem a alguns quilômetros da cidade. Usando peruca de cachinhos e apresentando uma falsa conjuntivite, a atriz rodava com Jude Law uma cena para "A Espiã que Sabia de Menos" ("Spy"), observada pelo diretor Paul Feig.

    Magro e elegante em seu terno com colete, Feig atravessou o set com uma bengala decorada. Jude Law, no papel de um agente secreto ao estilo de James Bond, usava trajes semelhantes de grife.

    O figurino de McCarthy, no papel de uma agente da CIA que parte para sua primeira operação secreta em campo, incluía uma saia jeans com babados e sandálias.

    Os atores filmaram uma cena em que o personagem de Law propõe, brincando, que eles fujam, e McCarthy, sua colega de trabalho apaixonada, o leva a sério.

    "Estou tomando um monte de antialérgicos", ela diz, para explicar a conjuntivite. "Estou totalmente chapada." Em outra tomada: "Acho que nem vou conseguir dirigir".

    Jude Law chega ao elevador, dizendo: "Vou fazer minhas malas".

    "Não leve aquelas cuecas muito minúsculas!", McCarthy pede. "Não quero ver você de tapa-sexo. De jeito nenhum! É brochante."

    "Isso foi horrível, de arrepiar", comentou a atriz mais tarde. Paul Feig aplaudiu. A cena foi perfeita.

    "A espiã que sabia de menos" chegará aos cinemas em 5 de junho e é a aposta de maior orçamento da carreira de Feig —um thriller cômico de espionagem que custou US$ 65 milhões.

    DA FAMÍLIA

    O filme é uma resposta a todas as fantasias movidas a testosterona que dominam as bilheterias do verão americano. "Temos uma mulher que parece uma pessoa totalmente comum e que de repente é colocada em um monte de situações extremas. Ela não é uma Angelina Jolie, não é cheia de músculos", comentou o diretor.

    "Ela é uma pessoa comum, como se fosse de sua família, que de repente é enviada para uma missão de espionagem."

    É uma premissa implicitamente feminista, mas sobretudo, disse Feig, "a meta foi criar um 'Cassino Royale' divertido".

    Melissa McCarthy faz uma analista da CIA, enganosamente humilde, que precisa recuperar uma arma nuclear. É a terceira vez que ela e Feig trabalham juntos -a primeira foi em "Missão Madrinha de Casamento", de 2011, o papel que projetou McCarthy no cinema.

    A opção de colocar a atriz ao centro de um filme repleto de perseguições e tiroteios (como também fez em "As Bem-Armadas") virou uma das marcas do diretor.

    A quarta colaboração dele e McCarthy está prevista para 2016, com seu ansiosamente aguardado remake feminino de "Os Caça-Fantasmas". "Eu só quero colocar mais vozes femininas em evidência", disse o diretor.
    O elenco coadjuvante de "A espiã que sabia de menos" inclui Bobby Cannavale e o herói de filmes de ação Jason Statham.

    Mas os relacionamentos mais importantes são os que unem mulheres: a vilã é representada por Rose Byrne, outra atriz de "Missão Madrinha de Casamento".

    A inspiração criativa de Paul Feig vem rendendo frutos: "As Bem-Armadas", comédia de 2013 com McCarthy e Sandra Bullock, e "Missão Madrinha de Casamento", com Kristen Wiig, foram sucessos inesperados.
    Sua recepção positiva provou o acerto do método de trabalho usado por Feig, inspirado em parte em colegas como Judd Apatow, produtor de "Madrinha".

    Embora os filmes sigam um roteiro, Feig incentiva os atores a improvisar. "Ele é tremendamente colaborativo", comentou McCarthy. "A gente consegue criar momentos genuinamente espontâneos. É divertido à beça."

    Com essa abordagem, Feig é um diretor atípico no setor do entretenimento, e sua meta é fazer de "A espiã que sabia de menos" um blockbuster mundial. A iluminação e a música seguem as normas dos filmes de espionagem tradicionais, e Feig muniu o filme de atores que têm seus próprios fãs internacionais, como Miranda Hart, estrela britânica, e o comediante sueco Björn Gustafsson.

    Paul Feig cresceu nos subúrbios de Detroit, onde tinha amigas que amigos. "Sempre me senti mais à vontade com mulheres. Acho que é porque quando eu era garoto, sofria muito bullying. As mulheres nunca me batiam, mas os caras me batiam toda hora."

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