Num ano marcado pela presença de obras de pegada política e reflexões sobre racismo e conflitos étnicos, o júri da Bienal de Veneza acaba de anunciar a artista norte-americana Adrian Piper e o pavilhão da Armênia como os vencedores dos prêmios máximos da mostra italiana.
Piper, uma artista conceitual nascida nos Estados Unidos e radicada em Berlim, e a representação nacional da armênia, que ocupou um mosteiro e a ilha de San Lazzaro degli Armeni, em Veneza, receberam os Leões de Ouro, enquanto o Leão de Prata, prêmio concedido a um artista emergente, ficou com o sul-coreno Im Heung Soon.
Semanas antes do início da mostra aberta ao público neste sábado em Veneza, o ganense El Anatsui, conhecido por seus enormes mantos bordados com objetos e materiais descartados, foi anunciado o vencedor do Leão de Ouro pelo conjunto de sua obra.
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Trabalho da brasileira Rosana Palazyan, que integrou a seleção oficial da Armênia em Veneza |
Desde 1986, a Bienal de Veneza escolhe um artista para premiar pelo conjunto da obra, um artista já consagrado que participa da mostra com uma obra excepcional, um jovem artista em ascensão no circuito também na mostra e um pavilhão nacional.
Piper foi premiada pelo trabalho "The Probable Trust Registry: The Rules of the Game #1-3", em que propunha aos visitantes da mostra firmarem um contrato consigo mesmos em que prometiam, entre outras coisas, sempre dizer de fato aquilo que pensam ou sempre contar a verdade.
Além da peça no Arsenale, a artista tinha uma instalação no pavilhão principal dos Giardini, com lousas em que escreveu "tudo será levado embora".
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Trabalho da brasileira Rosana Palazyan, que integrou a seleção oficial da Armênia em Veneza |
No caso da representação da Armênia, organizada pela turca Adelina von Fürstenberg, a mostra convidou 17 artistas da diáspora do país para criar obras que dialogassem com suas realidades individuais, numa lembrança dos cem anos do genocídio armênio, completados em abril deste ano.
Entre os artistas convidados pela seleção armênia, está a brasileira Rosana Palazyan, que mostrou dois trabalhos em Veneza, um deles um filme inspirado pelo massacre ocorrido há um século em Istambul.
Im Heung Soon, o sul-coreano vencedor do Leão de Prata, participa da mostra com o filme "Factory Complex", em que registra condições precárias de trabalho em seu país, em especial a opressão sofrida por trabalhadoras na indústria têxtil, um dos principais motores da economia.