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    Crítica

    Mulheres reinam em final zen de 'Mad Men'

    FERNANDA EZABELLA
    COLABORAÇÃO PARA A FOLHA, DE LOS ANGELES (EUA)

    18/05/2015 01h17

    ATENÇÃO, TEXTO CONTÉM SPOILERS

    Utah e não Nova York. É no deserto e num carro de corrida que Don Draper faz sua primeira aparição no último episódio de "Mad Men", que foi ao ar neste domingo nos EUA. Ele fugiu do trabalho e está bêbado num quarto de motel, com uma mulher qualquer. Não adianta mudar o cenário, Don segue o mesmo... mas só até o último minuto.

    "Mad Men" chegou ao fim após sete episódios mornos e repetitivos levados ao ar no último mês. O nome deveria ter mudado para "Mad Women" (mulheres loucas, em vez de homens loucos), já que foram elas quem mais brilharam, com as tramas mais interessantes e inesperadas.

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    A segunda parte da sétima temporada foi praticamente uma reciclagem de histórias ou apresentação de personagens irrelevantes. Foram os capítulos mais fracos, um final com cara de morte lenta para um dos seriados mais influentes da TV.

    Desde sua estreia em 2007, "Mad Men" recebeu 15 prêmios Emmys, todos apenas em seus quatro primeiros anos, incluindo os de melhor drama. O seriado também inspirou análises profundas e até exposições em museus, mas sua audiência foi caindo: a estreia da temporada de 2014 foi a menor desde 2008, com 2,3 milhões de televisões ligadas, 21º lugar entre os programas mais vistos da TV a cabo.

    De todos os personagens, Don (Jon Hamm) foi o mais déjà vu, se separando mais uma vez e sumindo do mapa. Seu final é patético, num retiro espiritual hippie na Califórnia, com gente fazendo tai chi, nudismo e terapia em grupo. Don chora, confessa seu crime e nos lembra que seu nome real é Dick. Ele renasce numa pose de meditação, com um sorriso no rosto. Ironicamente, é como um comercial perfeito. A Califórnia é mesmo demais.

    Apesar de Matthew Weiner, o criador do seriado, imaginar um desfecho zen para seu galã, seguindo as modas da época, fica difícil engolir que Don, depois de oito anos sendo Don, vai mesmo mudar.

    O escritório de publicidade nova-iorquino também passa por trama repetida, sendo adquirido novamente, com diálogos e situações de ontem. Mas quem liga para a velha Sterling Cooper quando a novidade é a Holloway-Harris, nova agência de produção de Joan Harris (Christina Hendricks)? Ela acaba sozinha, mas rica.

    Peggy (Elisabeth Moss) foi a outra estrela de "Mad Men", com trajetória similar, de secretária de Don a chefe de equipe, experimentando as várias nuances do feminismo dos anos 60 e 70. E, no final, ainda arranja um amor. Sua cena entrando no novo escritório, de cigarro na boca e óculos escuros, causando olhares curiosos dos marmanjos (seus funcionários), ficará como uma das mais marcantes.

    Já Betty (January Jones) sofreu como mocinha de novela brasileira, primeiro com o divórcio e depois com o peso absurdo que ganhou lá pela quinta temporada. Seu final seguiu dramático, com um câncer de pulmão, assim como sua reação sempre gélida. Com tanta fumaça em mais de 90 episódios, alguém acabou pagando o preço.

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